Militares dão apoio a Henrique Rosa
O presidente do Comité Militar da Guiné-Bissau, Bitchofula Na Fafé, garantiu ontem que as Forças Armadas guineenses estão subordinadas ao poder político e apoiam o presidente da República interino, Henrique Rosa, e o governo.
CORREIO DA MANHÃ - 17.05.2005Estas declarações foram ontem proferidas na sequência da auto-proclamação de Kumba Ialá como chefe de Estado.
Recorde-se que após o Supremo Tribunal ter afirmado que Kumba foi coagido a renunciar, o ex-chefe de Estado anunciou que iria voltar à Presidência para completar os 18 meses que restam do seu mandato para que foi eleito em 2000.
As declarações de Kumba Ialá poderão conhecer hoje novos desenvolvimentos. Aguarda-se com expectativa a realização esta tarde de uma marcha organizada pelo Partido de Renovação Social (PRS, de Kumba) que culminará com a “tomada” da Presidência da República pelo Kumba Ialá como o próprio anunciou no domingo.
Antes desta marcha, está prevista uma outra hoje de manhã promovida pelo Sindicato de Professores e Associações de Estudantes intitulada ‘Marcha pela Paz’.
Bitchofula Na Fafé tranquilizou os concidadãos:“Não há que ficar preocupado. Os militares estão nas casernas e respeitam o poder político. Queremos contribuir para a paz e estabilidade do país”. Por seu lado, o ministro da Defesa, Martinho Ndafa Cabi, que está a substituir o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior – que se encontra a em Lisboa –, apelou à calma e serenidade.
Tentando esclarecer a situação, o vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça afirmou que em circunstância alguma foi dito que Ialá poderia reassumir a chefia do Estado. “Uma coisa não tem nada a ver com outra. O que o STJ disse foi que a candidatura de Ialá tem legalidade constitucional, nunca disse que ele poderia ou deveria reassumir a presidência”, disse o juiz conselheiro Paulo Sanhá. Surpreendido com a atitude de Kumba Ialá, Carlos Gomes Júnior cancelou a visita oficial a Moçambique que hoje deveria começar e regressa ao país.
PORTUGAL ATENTO
Portugal espera que a ordem constitucional seja respeitada na Guiné-Bissau e está a seguir com atenção o desenrolar dos acontecimentos no país onde o antigo presidente da República, Kumba Ialá, derrubado em 2003 por um golpe de Estado, se autoproclamou domingo como novo chefe de Estado.
Em declarações aos jornalistas à margem da Cimeira da Europa, em Varsóvia, o primeiro-ministro português espera respeito pela ordem constitucional. José Sócrates afirmou que “Portugal espera é que a ordem constitucional seja respeitada na Guiné-Bissau”. Por seu lado, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Carneiro Jacinto, afirmou ao nosso jornal que “o embaixador de Portugal na Guiné-Bissau está a acompanhar os acontecimentos e tudo indica que a situação está sob controlo das autoridades”.
PETRÓLEO 'CULPADO'
A chuva de candidatos à Presidência da República guineense poderá estar ligada à exploração de petróleo no país. O ‘Expresso’, na sua última edição, revelou que “um dos depostos presidentes da República terá mesmo feito promessas a uma conhecida empresa petrolífera em troca de apoio à campanha eleitoral”. O Programa Regional de Conservação da Zona Costeira e Marinha na África do Oeste revelou a descoberta de uma jazida petrolífera no país.
O enorme potencial de crude nas águas meridionais do país terão levado a Agência de Gestão e de Cooperação Senegal/Guiné-Bissau a assinar um acordo com a Markmore Energy, uma sociedade privada malaia, para prospecção de petróleo no local e produção já em 2006.Carlos Menezes