O Chefe de Estado nigeriano, Olusegun Obasanjo, deslocou-se ontem a São Tomé e Príncipe, onde esteve reunido, durante várias horas, com o Presidente Fradique de Menezes e com todos os representantes da parte são-tomense com responsabilidades no dossier do petróleo, relativo à zona de exploração conjunta entre os dois países.
O processo tem estado num impasse, depois das suspeitas de que algumas empresas com ligações a governantes dos dois países terão sido favorecidas no Conselho Ministerial (de ministros dos dois Estados) em Abril, em Abuja. Este órgão ministerial analisa e aprova as propostas apresentadas pela Autoridade Conjunta (entre os dois países). Mas a decisão final cabe aos Presidentes, Obasanjo e Menezes, de quem se esperava ontem a luz verde par a o anúncio das
empresas vencedoras do último concurso relativo a cinco poços de petróleo.
Mas a edição on-line do jornal nigeriano Vanguard escrevia que o concurso estava "sob ameaça", devido a um relatório da Agência de Petróleos de São Tomé e Príncipe, com base no qual Fradique de Menezes poderia ser obrigado a rejeitar as escolhas das empresas contempladas. Segundo o relatório, "personalidades influentes são-tomenses não estão satisfeitas com a lista de propostas de
vencedores, na qual prevalecem [empresas] independentes nigerianas, bem relacionadas", interessadas "em tirar partido" da situação e não em "trazer valor acrescentado ao processo". O documento citado pelo Vanguard explica ainda que a Autoridade Conjunta não investigou suficientemente a realidade de algumas empresas, "demasiado inexperientes".
A questão era ontem saber se Fradique de Menezes ia rejeitar as propostas, contestadas pelo seu Governo (que tem criticado a falta de transparência do processo), ou se ia aceitá-las, cedendo avarias pressões, incluindo da Nigéria, pelos interesses em jogo, mas também para não ser acusado de bloquear a fase terminal do leilão.
Segundo a RDP-África, o MLSTP-PSD (maioritário no Governo de coligação com a ADI) também solicitou uma audiência com o Presidente Obasanjo, para reagir às recentes declarações do embaixador da Nigéria no arquipélago, Saidu Findar. Este acusou as duas forças políticas no poder de obstruírem o processo, devido às críticas que fizeram à forma como decorreu o leilão.
A.D.C. - PÚBLICO - 21.05.2005