<>Esteve recentemente no solo pátrio
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<>Tomé Mbuya João, conhecido apresentador de programas de história no serviço em português da Voz da América (VOA) há 26 anos, diz que ainda não se esforçou para encontrar uma abertura de regresso a Moçambique. Nasceu na aldeia de Chindio no distrito de Mutarara na província de Tete.
Em 1964 os Missionários de África, mandaram-no para a Faculdade de Teologia em Roma onde estudou. Em 1966, poucos meses da sua ordenação, abandonou livremente a carreira sacerdotal e rumou para os Estados Unidos da América onde vive até hoje. Em entrevista ao ZAMBEZE, passa-nos o seu pensamento e faz leituras interessantes sobre a realidade que acompanha a partir de Washington DC.
O nosso entrevistado recorda que é neto do régulo colonial português Mbuya João e não sabe em que dia nasceu. Diz que os missionários quando o baptizaram, calcularam apenas o ano de nascimento, 1937.Tomé Mbuya João, começou a estudar em 1947, frequentou a escola rudimentar das missões para africanos não assimilados de Chindio em 1950 e concluiu o curso secundário no seminário de Zóbue.
Em 1963, no seminário da Namaacha em Maputo, cursou filosofia e teologia e em 1964 na França, fez o noviciado da congregação dos Missionários de África, ou padres brancos. Em 1964 os padres brancos mandaram-no para a faculdade de teologia em Roma, onde estudou durante um ano.
Foi em Roma que largou a carreira sacerdotal e poucos meses antes da ordenação foi para os Estados Unidos. Matriculou-se na Universidade Católica de Washington de 1966 a 1970, tendo sido licenciado em direito e relações internacionais em 1970.
Mais tarde na mesma universidade concluiu o curso para o doutoramento em história e em colégios do ensino superior dos Estados Unidos da América, leccionou história e relações internacionais.
Em 1975 tirou o segundo mestrado em história da América Latina e da África. Concluiu em 1990 o doutoramento em história da África e América Latina. Para além de alguns livros, tem duas teses. A primeira foi a controvérsia entre Grocio e Freitas sobre a soberania do mar. Isso foi para a licenciatura em direito internacional. O doutoramento foi a revolta de Dom Jerónimo Chinjulia de Mombassa de 1590 a 1637, um episódio do século português de declínio, durante a ocupação espanhola. Siga a entrevista.
O que é que o motivou a deixar Moçambique?
- Deixei Moçambique para estudos, não havia plano nenhum de deixar a clericatura. A congregação dos padres brancos mandou-me estudar para a Faculdade de Teologia em Roma na Itália. Tudo até lá estava muito bem. Quando rebentou a revolução em Moçambique contra os portugueses em 1964, encontrei-me com alguns lideres da revolta em Roma, nomeadamente, Marcelino dos Santos e outros. Esta foi para mim, uma das zonas do problema, além de dúvidas das pessoas, acerca de determinadas posições eclesiásticas que eu não teria a coragem de enfrentar como sacerdote.
A que posições eclesiásticas se refere? A política passou a ser a prioridade?
Sabia que havia coisas que eu não era capaz de dizer e não sabia o que é que havia de acontecer se não dissesse. Não era falta de fé. Era simplesmente falta de convicção e por conseguinte para não responsabilizar mais ninguém. Era uma coisa que me diziam, mas não me convinha, não era capaz de dizer alguém para acreditar. Sou independente, quando tenho dúvida e suspeito que algo pode esfregar-se noutra pessoa. A minha tendência é assumir o problema como meu. Não quero que nenhuma pessoa seja amputada a responsabilidade ou se diga que o padre da congregação fez isto e aquilo. Essa parte desempenhou um papel importante para o facto de eu ter deixado a carreira sacerdotal. Interessei-me pela política de uma forma indiscreta e estava até para juntar-me à revolução em Dar-Es-Salaam e na Argélia, mas outras forças intervieram e convenceram-me, que talvez por enquanto não. E então optei por aceitar uma bolsa para os Estados Unidos da América.
Como é que aparece na Voz da América (VOA)?
Antes de concluir o doutoramento em história da África e América Latina, já estava a trabalhar para a Voz da América. E como era estudante ia nas horas vagas. Passei depois a ser efectivo e lá estudaram logo o meu temperamento, que sou um senhor de muitas ideias, que gosta de pensar e entregaram-me a secção de história. Eu é que faço os programas da história da África com muito gosto inclusive a história dos Estados Unidos, também com grande gosto.
Qual era a política da VOA em relação à divulgação de informações sobre o conflito existente em Moçambique?
A Voz da América, se quiser entender de uma maneira simples sem muita dissertação e sem muitas palavras é a voz da democracia. Para os americanos a democracia é uma obsessão. A tese deles, tanto o sistema do governo, social, político e económico, tem na democracia a palavra chave. Democracia na economia e até na expressão das palavras. Estou a dizer o que penso ser a verdade e se pensas que não, diga que não é. Não estou certo se houve uma coincidência de vista ou terá sido um propósito da VOA em se colocar por detrás de qualquer grupo político, para que utilizasse o seu vocabulário para os seus próprios fins. Foi simplesmente uma coincidência de ideias.
Como moçambicano ao serviço da VOA na altura, o que tem a dizer, do facto dos serviços em português da Voz da América (VOA), terem sido muitas vezes o principal meio de comunicação usado pelos actuais dirigentes políticos na oposição, e sobretudo a RENAMO, para justificar as razões da guerra em Moçambique?
A Renamo naquela altura falava de democracia e os americanos falavam de democracia. É como acontece agora no Iraque. Nós insistimos na democracia, pode significar muita coisa para muita gente, mas dizemos que a democracia é uma maneira de a gente existir numa sociedade.
Alguma vez foi chamado ou consultado para dar ideias sobre o que pensava sobre o assunto?
Nunca fui chamado. Talvez eu vá lá suspeitar o que quer apontar. Muitas pessoas pensam que a Voz da América é a voz da propaganda dos Estados Unidos e os que lá trabalham, estão ao serviço da Contra Inteligência americana, CIA. Na verdade fazemos aquilo que entendemos ser um serviço de democracia. Se isso coincide com o serviço da CIA, nem sabemos que coincide com o serviço da CIA ou com propaganda. Democracia e propaganda, não sei se são a mesma coisa.
Fale da política editorial da VOA
Eu sou uma pessoa que está lá a trabalhar 24 horas por dia. Curiosamente quem insistiu que mantivéssemos os nossos editoriais foram os próprios ouvintes. O editorial é a coisa que os nossos ouvintes mais nos pediam. Chegou-se ao ponto em que a VOA queria deixar de apresentar o editorial, mas houve protestos dos ouvintes exigindo o editorial. Os americanos não gostam e nem querem que esse editorial seja entendido como um ditado de ideias ou uma posição em que os Estados Unidos forçam alguém a assumir aquela posição. Mas simplesmente aquilo o que eles gostam.
Antes dos acordos de paz de 1992 em Roma, qual era a percepção que tinha sobre a guerra em Moçambique no contexto da correlação de forças na região e no mundo, nomeadamente em relação à existência do apartheid e de dois blocos ?
A minha impressão de Moçambique era a mesma que muitos moçambicanos tinham e resultado da interpretação internacional. O falecido presidente Samora Machel, entendeu que as criticas internacionais tinham alguma razão de ser e optou em orientar-se na direcção que finalmente em 1992 o país tomou. Por mim estou a suspeitar que se Machel estivesse vivo, essa coisa teria acontecido na mesma, porque ele já esteve convencido que o caminho a seguir não era aquele que tinha traçado antes. Era o caminho da paz.
“Oposição há-de assumir o poder”
Desde que a guerra acabou em 1992, quantas vezes veio a Moçambique?
Vim a Moçambique em 1993, 1995, 2000 e agora. Sempre vi motivos pessoais e de família para ficar até hoje nos Estados Unidos. Ao vir estas quatro vezes ficou a ser uma realidade o meu encontro com Moçambique novo e independente. Vou revelar um segredo: a primeira vez que cá vim em 1993, chorei quando apareci em Maputo. Encontrei uma cidade e um país que não tinha deixado. Uma destruição quase por toda a parte que nunca vi e conhecia em Moçambique que deixei em 1963. Mas quando apareci em 1995 estava todo sorridente. A coisa tinha mudado muito. Isto é um país de muito optimismo. Os moçambicanos todos relaxados, à vontade, a saberem onde estão a ir e o que fazem. Não se observam tensões sociais nas ruas, nem prognósticos de um mal estar a vir amanhã ou depois. A nível das calamidades sociais, cada um tem os seus problemas e evidentemente há coisas abomináveis que se ouvem noutros países em África como golpes de Estado ou manifestações violentas nas ruas. Os moçambicanos já estão muito longe disso. É um conforto para quem esteve fora e encontra a nação desta maneira.
Dá muita confiança. A independência valeu a pena e quanto a isso é mais uma consolação para mim ser moçambicano. Os serviços todos que tínhamos naquela altura colonial e após a independência nacional que eram todos administrados por pessoas de fora, estão agora nas mãos dos moçambicanos e de que maneira, muito bem. Há eficiência das nossas instituições e isso talvez, para quem nasceu agora, não pode comparar. Quem nasceu noutro período da nossa história já pode ver que afinal estamos a fazer tão bem como eles os colonizadores diziam que não faríamos.
Qual é o conhecimento que tem hoje da realidade política, económica, social e cultural do país, estando no estrangeiro.
A visibilidade de uma realidade de longe sempre tem os seus percalços, mas a minha perspectiva é sempre uma trajectória comparativa de história e não só. Em comparação com outros países africanos, Moçambique está muito bem encaminhado, mesmo falando das forças da oposição. Governo e oposição é um jogo de conflito político em Moçambique.Não existe noutros países este nível de franqueza e tolerância mútua. O governo do Zimbabwe aqui perto não é assim. Se você tem um país como Moçambique, onde o presidente voluntariamente decide abandonar o poder isso é uma pedra na cabeça doutros chefes de estado africanos. Quem estava a chatear, passe o termo, ou a empurrar Chissano a abandonar o poder? Ninguém. Espontaneamente ele deixou. Essa parte é uma grande lição que Moçambique está a dar e que os outros não querem aprender. Não só não querem aprender, como não conseguem aprender. Isto faz de Moçambique um país. A actuação de alguns chefes políticos, o próprio sistema tem uma entrada e saída para a oposição que comparativamente quase não existe noutros sitos de África. Toda a gente sabe disso.
O Governo liderado pela Frelimo, conduz desde as eleições de 1994 até hoje os destinos de Moçambique. O que mudou ou deve mudar no país?
Houve três níveis de mudanças. A própria Frelimo mudou duas vezes. De regime monopartidário socialista que era, para não dizer comunista, para o sistema de semi-democracia depois de 1992, e de uma democracia progressiva. A partir daí a própria Frelimo mudou nesse sentido. E mudou a integração da oposição. Em vez de ser uma força militar tornou-se uma força política e isso também foi uma grande mudança. Não houve da parte da oposição militarista naquela altura e da oposição política agora, a persistência da força para ganhar o poder. O debate intelectual, o discurso político, isto mudou imenso. Porque na lei da pistola nós temos o vocabulário para dizermos, apontarmos o nosso argumento para a oposição. Por conseguinte criou-se um ambiente de um discurso de adultos, politicamente adultos. As forças políticas moçambicanas estão numa idade adulta, há uma troca intelectual e de posições.
Quanto ao que deve mudar, vou ser muito breve para não provocar contradições. Como historiador, na perspectiva histórica, sempre tem acontecido que os primeiros a conquistarem a independência também, ocuparam durante algum tempo o poder. Por conseguinte o que está a acontecer em Moçambique, que a Frelimo está no poder, historicamente não é insólito em qualquer parte do mundo. Mesmo entre os americanos foi isso. Os primeiros a conquistarem a independência, podemos falar de George Washington, John Adam, Thomas Jeferson. Estamos a falar dos fundadores da nacionalidade americana. Eles é que assumiram o poder e administraram as suas ideias iniciais e os partidos políticos aos poucos começaram a penetrar. Por conseguinte a governação dos fundadores da nacionalidade, inicialmente é uma coisa inevitável aos poucos a transformação vem mas há pouca paciência para esperar. Há ansiedade. E a pergunta é: mas quando é que isso há-de ser.
As forças políticas contrárias hão-de assumir esse poder cedo ou tarde, mas será a seu tempo e os que naturalmente estão preparados para assumir, tem que continuar a trabalhar nesse sentido. Porque se chegar o tempo e se não houver ninguém a mesma coisa continua. Quando chegar o tempo, se houver alguém, esse alguém é que terá que assumir as posições.
O que acha que deve ser o papel da oposição em Moçambique, desde 1992.
A oposição indiscutivelmente foi um factor de mudança aqui em Moçambique. Se não tivesse havido essa força concerteza não haveria mudanças. Existe a oposição interna, mas também é preciso entender que há uma oposição externa, a opinião internacional, tudo isso, as duas forças foram factores de mudança em Moçambique. Não foi só a Renamo, foram também as forças internacionais, as Nações Unidas, etc. Pressionaram o que mudou, isso foi factor de mudança.
“Guebuza tem um estilo e personalidade diferentes”
É membro ou simpatizante de algum partido. Porque é que não se filia a um partido?
Pessoalmente não estou associado a nenhum partido, mas admiro os grandes lideres dos dois partidos dos dois grupos. Todos têm a minha admiração. Isso é filosofia pessoal. Ia-me perguntar a mesma coisa, por que é que deixei a igreja. Eu gosto de me responsabilizar pessoalmente de certas coisas. Quando alguma posição contenta-me e dá-me um conforto eu posso falar disso, defender essa posição em consciência. E então estou lá, eu sou total quanto a isso. Em Moçambique passou a fase tal que se você não se alinha não vive e já não é assim. Um cidadão que não está alinhado em Moçambique pode ter a sua vida honestamente bem. Mas a mim não me parece que se por exemplo eu voltasse a Moçambique, não me alinhasse. Até teria interesses a defender politicamente e por conseguinte, me havia de alinhar nessa altura. E uma das razões porque eu não estou alinhado, talvez seja o facto de estar ai fora.
O que tem a dizer da governação de Chissano?
Chissano teve sempre o meu ramalhete e se ele ler esta entrevista e ver que é o Tomé que está a dizer isto, ele vai menear a cabeça. Ele conhece-me, sabe que gosto dele e eu sei que ele gosta de mim. O Chissano teve sempre os meus maiores aplausos. Não houve nada assim entre eu e ele, tanto no domínio de ideias com no de actuação em que lhe pudesse imputar nada. Pelo contrário, foi o meu líder político em Moçambique e quando ele aparecia nos Estados Unidos, eu fazia questão de ele saber onde estou e lhe saudar. Conversavámos e muitas vezes ele ficava ai cinco minutos a pensar . Não somos entidades desconhecidas
Mas há alguns sectores da sociedade que apelidam-no de ter sido o homem do deixa-andar...
Não direi que era um presidente que deixava andar. Era um presidente com uma astúcia política. É o termo utilizado não pejorativamente, porque todos os políticos são astutos e ele tinha a sua astúcia. Há quem fazia o seu trabalho violento, se tivesse que o fazer e se houvesse que ser feito. Não era ele por temperamento ou por força de circunstâncias. Não me pareceu a mim que Chissano durante a sua governação tivesse um temperamento de uma violência pessoal.
Recorda-se de Samora Machel por exemplo?
Então como é que acha que vai comparar os dois? É o mesmo que comparar batatas e limões. São coisas diferentes (risos)
Falou de Samora e Chissano, o que espera do novo Presidente Armando Guebuza?
Disse que não se deve imputar responsabilidades a ninguém que esteve em governações anteriores.Como disse vou usar uma frase inglesa “Give him a chance”, beneficio da dúvida a ele, porque não convém a qualquer um de nós agora emitir uma opinião ou julgá-lo depois de três meses no poder. Corremos o risco de julgar Guebuza não presidente mas Guebuza que conhecemos antes. Seria um julgamento, uma opinião injusta atribuída a alguém, ao passado de alguém e não ao presente e às funções que ele agora está a desempenhar. Eu acho que ele vai-se enquadrar perfeitamente bem. O estilo vai ser bastante diferente concerteza, porque é uma personalidade diferente.
O que tem a dizer do espirito e visão empresarial do Presidente Guebuza?
Na fase em que Moçambique está a entrar da economia de mercado, abertura para os mercados internacionais, talvez ele venha a ser um líder forte nessa altura. E penso que vai acentuar mais o aspecto económico da nação moçambicana, do que o aspecto político. Ele entende o aspecto prático do negócio e Moçambique precisa talvez entrar em cheio. Mas mesmo isto é preciso esperar para ver.
Fale um pouco da sua vida profissional, em que áreas se está a dedicar mais?
Trabalho na Voz da América, não tenho problemas de maior, estou há 26 anos ,continuo a ser um indivíduo academicamente nascido. Nasci académico, não consigo ser jornalista do dia-a-dia. Sou o homem da ideia da imaginação. Eles utilizam-me nesse sentido. Descobriram isso há muito tempo. O meu lugar é o professorado, tenho alguns anos de ensino superior e é onde tive as minhas melhores palmas. Os meus primeiros loiros foram na academia. Faço questão de me vestir como os alunos, gosto de estar à frente de ideias e partilhá-las com o meu grupo
Como vai a sua vida familiar?
Estou casado com uma moçambicana e tenho duas filhas uma com sete e outra com 11 anos de idades. Casei-me muito tarde porque tinha muitas coisas a fazer.
Quais os sonhos que pretende ver realizados?
Eu quero que estas duas filhas completem a educação americana, depois vou mergulhá-las na educação moçambicana dos pais e depois elas vão escolher, se querem estar em Moçambique ou nos Estados Unidos.
Qual é o motivo que o fez ou faz ficar até hoje nos EUA. Nunca pensou em voltar definitivamente a Moçambique?
Quanto a mim eu sempre andei a querer voltar a Moçambique. Não tenho tido assim muita resposta em termos de abertura.
Conhece a história do físico nuclear moçambicano que quando cá chegou não conseguiu emprego? O que quer dizer com falta de abertura?
Bom não há nada que esteja contrário ao que eu possa fazer. O meu domínio é muito simples. Não é nada, não quero acusar ninguém. Talvez não me esforcei tanto para encontrar esta abertura. Na altura quando estiver de volta, talvez pense realmente nessa ideia da Educação. Mas não vou fazer um esforço para uma situação que depois me põe na rua. De uma forma hei-de voltar não tenho dia de regresso.
O que faz nos tempos livres?
Tenho três paixões. Não é para me gabar. Primeiro fico com os meus livros a ler. Segundo. gosto de ir para a minha igreja, por mais que as pessoas acreditem, eu gosto muito do espaço religioso, sou católico. Em terceiro lugar são as minhas duas filhas
O que é que gosta nos seres humanos?
A eficiência modesta, a modéstia na eficiência. Eficiência na simplicidade. Sou assim, e comungo o ditado que diz , deixem até que as pessoas duvidem do que eu possa fazer. Até que se convençam que posso fazer, quando o quiser.
O que é que não gosta nos seres humanos?
Não gosto da crueldade, a desumanidade nas maneiras, no trato dos seres humanos. Não é por ser um ex-sacerdote, mas acho que toda a pessoa ao nosso encontro, é uma maneira diversa como Deus nos aparece. Uma manifestação diferente da divindade para ver a pessoa sempre nessa imagem. Para mim não há pessoa feia ou bonita, são expressões diferentes da mesma realidade.
O que gostaria de dizer que eu não perguntei?
Gostaria de dizer ao jornal ZAMBEZE, a imprensa e à comunicação social em geral, que sejam agentes da palavra, da verdade que transforma a sociedade. Quando faço as minhas lições de história, esta é a minha dominante. Tenho que saber para quem é que a informação vai servir, para que aquilo que se diz, escreve, transmite se publica e se põe fora, tenha um objectivo construtivo. É só isso que seja um veiculo da verdade que transforma a sociedade, as relações e as pessoas para o bem.
Como uma força quer queiram quer não, vocês desempenham duas funções. Uma delas é ser o travão de excessos se alguém do poder quer cometer um excesso. Estou a falar dos políticos, que se sabem que o jornal vai expor isso vão pensar duas vezes a fazer a mesma coisa. Penso que em toda a parte, a informação é um voto na construção de um sociedade. Vocês escrevem para o povo, praticamente para aquilo que eles esperam que digam, o correspondente aos seus objectivos. É uma quarta força, não é só o voto nas urnas, mas o voto também na expressão. Mas como cada um deles não tem um cartaz, rádio ou jornal, esperam que sejam os seus
porta-vozes, soa porta-vozes do povo.
Ismael Juma
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