Guiné-Bissau: contestação sobe de tom
Quatro partidos da oposição guineense afirmaram numa carta aberta ao “cidadão” Henrique Rosa que existe um “vazio de poder”, dado que o período de transição “já terminou” e que, por isso, a Guiné-Bissau “já não tem presidente”.
A posição dos partidos da Renovação Social (PRS, o maior partido da oposição) e Democrata Socialista de Salvação Guineense (PDSSG), União Nacional para a Democracia e Progresso (UNDP) e Resistência da Guiné-Bissau (RGB), estes três últimos sem representação parlamentar, foi expressa numa conferência de Imprensa na sede dos “renovadores”, em Bissau.
Na ocasião, Salvador Gomes Tchongó, líder da RGB, insistiu no argumento, já apresentado pelo PRS, de que a Carta de Transição Política expirou no passado dia 8 e que, como tal, Henrique Rosa já não é chefe de Estado interino. “Os partidos signatários desta Carta concluíram que existe um vazio de poder na Guiné-Bissau. Não há portanto garante do sistema democrático e do regular funcionamento das instituições”, afirmou aquele responsável.
Refira-se que o Movimento Kumba Presidente (MKP) já tinha divulgado um comunicado defendendo que Kumba Ialá “é o legítimo presidente da Guiné-Bissau”. O MKP sustenta a sua reclamação no facto de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ter avalizado a candidatura do ex-chefe de Estado às eleições de 19 de Junho. Esta tese é contestada pelo governo e outras forças políticas, que entregaram ao STJ, conjuntamente com a Presidência da República e o Comité Militar, uma adenda à Carta de Transição a prorrogar o mandato de Henrique Rosa até à eleição de um novo chefe de Estado.
CORREIO DA MANHÃ - 15.05.2005