As recentes suspeitas surgidas em torno da venda dos blocos de petróleo na zona conjunta entre São Tomé e Príncipe e a Nigéria estão a provocar uma grave crise no arquipélago: o Presidente Fradique de Menezes demitiu duas personalidades são-tomenses com responsabilidade na atribuição dos blocos petrolíferos e assistiu-se a uma troca de acusações entre o Presidente, apoiado pelo MDFM, e o Governo e a bancada parlamentar maioritária do MLSTP-PSD.
O partido no poder acusou Fradique de Menezes de violar a lei das receitas do petróleo em benefício próprio, obrigando o Presidente a desmentir acusações de que seria accionista da empresa nigeriana ERHC, supostamente beneficiada em detrimento de outras com melhores propostas, no último leilão dos blocos, há poucas semanas, em Abuja na Nigéria.
O Presidente negou qualquer irregularidade no processo, lembrando que nenhuma decisão definitiva tinha sido tomada sobre empresas seleccionadas para a celebração de contratos. No entanto, demitiu Mateus Meira Rita das funções de representante do conselho ministerial do petróleo entre São Tomé e a Nigéria, invocando a
incompatibilidade de funções por este ser accionista da ERHC; e afastou Patrice Trovoada (filho do ex-Presidente Miguel Trovoada) do cargo de assessor da Presidência para os assuntos do petróleo.
Fradique de Menezes atribuiu ainda responsabilidades aos signatários dos acordos em 1997 e 2001 alcançados com a Nigéria, unanimemente considerados prejudiciais para o país. A.D.C.
PÚBLICO - 11.05.2005