O primeiro-ministro guineense partiu hoje para uma visita privada de quatro dias a Portugal, de onde seguirá terça-feira para uma outra, de carácter oficial, a Moçambique, a primeira de um chefe de executivo da Guiné-Bissau àquele país.
Em declarações aos jornalistas, momentos antes de deixar Bissau, Carlos Gomes Júnior sublinhou que, em Lisboa, e apesar de a deslocação ser privada, vai reunir-se com o presidente Jorge Sampaio e com o seu homólogo José Sócrates, a quem vai agradecer o apoio dado por Portugal na estabilização política e militar na Guiné-Bissau.
"A diplomacia portuguesa ajudou a Guiné-Bissau a receber alguns fundos da comunidade internacional, após a realização da conferência de Lisboa, e tem feito muito pelo país", afirmou, indicando estar "muito grato" a Portugal.
"São gestos muito importantes e é um sinal positivo e de confiança na nossa governação, que fez ontem (quinta-feira) um ano. Vamos continuar a investida diplomática para o restabelecimento da boa imagem do nosso país", acrescentou.
Além de encontros com Sampaio e Sócrates, o também presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) indicou que terá também encontros com forças políticas portuguesas "amigas", em vista das eleições presidenciais de 19 de Junho.
Domingo, Carlos Gomes Júnior, que viaja acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Soares Sambu, já em Lisboa, e dos Transportes e Comunicações, Raimundo Pereira, reunir-se-á com representantes da comunidade guineense residente em Portugal.
Estarão presentes no encontro, assegurou, "todas as organizações" ligadas à Guiné-Bissau".
Em Moçambique, para onde seguirá na noite de terça-feira, Carlos Gomes Júnior terá contactos com as novas autoridades moçambicanas, com destaque para o "camarada Armando Emílio Guebuza", "companheiro" da luta pela independência das antigas colónias portuguesas.
"Temos laços históricos com Moçambique, nomeadamente com a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique, no poder), pois fizemos uma luta de independência comum", assinalou o chefe do executivo guineense.
"Depois da eleição do camarada Armando Emílio Guebuza como presidente de Moçambique, é a primeira oportunidade que tenho também para contactar as novas autoridades moçambicanas e discutir toda a nossa cooperação bilateral e multilateral, para que a possamos reforçar", acrescentou.
Sem entrar em pormenores, Carlos Gomes Júnior indicou haver a possibilidade de serem assinados acordos de cooperação em vários domínios, nomeadamente das finanças, banca e transportes aéreos.
Segundo o primeiro-ministro guineense, outro tema a debater com as autoridades de Maputo é a possibilidade de se criarem parcerias empresariais no domínio da comercialização da castanha de caju, dado que Moçambique é, segundo dados oficiais, o quinto maior exportador mundial.
"Moçambique é um dos principais exportadores de castanha de caju e a Guiné-Bissau pode aprender muito com essa experiência, pois esse é também o nosso principal produto de exportação", disse.
Carlos Gomes Júnior referiu ainda que, antes de regressar a Bissau, passará novamente por Lisboa, aonde chega na próxima sexta- feira, permanecendo na capital portuguesa até à noite de 23.