NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DOS SEUS DESMOBILIZADOS NA PRM
A Renamo voltou ontem a exigir a integração de 50% dos seus desmobilizados na Força de Intervenção Rápida (FIR), no âmbito dos esforços em vista para o enquadramento dos antigos guerrilheiros da “perdiz” na Polícia da República de Moçambique (PRM)
JOSÉ CHITULA
O anúncio foi feito pelo Assessor do líder da Renamo para a Área de Defesa e Segurança, Hermínio Morais.
Falando em conferência de imprensa, Hermínio Morais, reafirmou que o seu partido continua aberto ao diálogo e manifestou o interesse de colaborar com o Governo de Moçambique nesta complexa questão de reintegração dos desmobilizados da Renamo na PRM.
«Se hoje existe vontade de diálogo, estaremos abertos a colaborar com o Governo de Moçambique. Sabemos que existe interesse em reintegrar elementos da Renamo na Polícia. Somos da opinião que 50% dos homens da FIR, sejam constituídos por elementos da Renamo e depois os restantes poderão integrar a Polícia normal» disse o Assessor de Defesa e Segurança do presidente da Renamo.
Hermínio Morais reagindo assim às acusações feitas pelo Ministro do Interior, José Pacheco, alegando que a Renamo não tem estado a colaborar no processo de integração social dos homens armados estacionados em Maríngué e no distrito de Cheringoma na província de Sofala. No seu pronunciamento feito recentemente na Cidade da Beira, o Ministro do Interior, manifestou o interesse do Governo em fazer o enquadramento dos homens armados da Renamo e que para tal, a corporação que dirige haveria de usar todas as “fórmulas” ao seu alcance, priorizando o diálogo.
Mudança de discurso
Morais, frisou também, que a Renamo se sente feliz por aquilo que considera de «mudança de discurso» por parte do Governo da Frelimo, que antes adoptava uma posição belicista em relação aos alegados homens armados da Renamo.
«Queremos felicitar essa mudança de discurso, e a Renamo irá de todas as formas criar um diálogo aberto e franco por forma a resolver as nossas diferenças. Ainda bem que dizem que existe um instrumento legal como o Acordo Geral de Paz» sustentou Hermínio Morais.
O Assessor de Afonso Dhlakama para a Defesa e Segurança, não deixou de recordar que foi a Frelimo que começou a violar o Acordo Geral de Paz, quando decidiu criar a Força de Intervenção Rápida, que no entender da “perdiz”, é constituida por antigos comandos da extinta Forças Armadas de Moçambique.
FIR: atentando a Paz
Hermínio Morais, classificou a criação da FIR, como um «atentado contra a Paz e a estabilidade em Moçambique. Essas forças foram criadas simplesmente para perseguir os homens da Renamo» acusou.
Em relação à sorte dos homens da Renamo que se encontram armados não só em Marínguè, Cheringoma e noutros pontos do país, o Assessor de Defesa e Segurança da presidência da Renamo, considerou-os de “guardas” da segurança daquele partido e que
continuarão a proteger as instituições, casas, sedes e altos dirigentes da Renamo.
Morais, sublinhou, que os homens da Renamo que poderão integrar a PRM, são àqueles que foram desmobilizados no tempo da ONUMOZ.
Durante a guerra dos 16 anos, a Renamo chegou a ter nas suas fileiras entre 15 a 20 mil homens, dos quais 3.500 foram integrados no novo exército moçambicano, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que resultou do AGP.
Polémica começou em 1994
A polémica sobre a integração dos antigos militares da Renamo na Polícia da República de Moçambique, já se arrasta desde 1994, depois da realização das primeiras eleições gerais e multipartidárias em Moçambique.
IMPARCIAL – 05.05.2005