Igreja não desiste
A Igreja Católica mantém a pressão sobre o governo, continuando a convocar manifestações e a exigir a demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, embora ambas as partes estejam a negociar os termos da chamada Declaração Conjunta, que poria fim aos protestos. D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, avisou ontem, em tom de claro desafio, que a Igreja irá ‘tão longe quanto a lei o permitir’.
CORREIO DA MANHÃ - 07.05.2005A cerimónia da assinatura da Declaração Conjunta estava marcada para a tarde de quinta-feira, com a presença do presidente Xanana Gusmão, mas acabou por ser anulada pela ausência dos bispos de Díli e Baucau, D. Alberto Ricardo da Silva e D. Basílio Nascimento.
Na manhã de ontem, falando sobre aquele documento em preparação – cujo conteúdo não foi divulgado –, o bispo de Baucau revelou as dificuldades que estavam a ser encontradas em relação aos termos. “Há dificuldades de olharmos todos na mesma direcção, de sermos objectivos com as palavras, mas são coisas de pormenor que podem ser ultrapassadas”.
As divergências, porém, serão mais profundas do que deu a entender D. Basílio do Nascimento, já que ao princípio da tarde o bispo voltava a usar um tom de desafio: “Iremos até onde a lei permite (...). A Constituição contempla meios para assegurar o cumprimento dos objectivos da hierarquia católica timorense”.
Ramos Horta, chefe da diplomacia timorense e um dos negociadores da parte do governo, desdramatizou as diferenças: “O importante é continuarmos o diálogo”.
No caso de se chegar a um acordo, a assinatura do documento não deverá acontecer nos próximos dias devido à ausência do presidente Xanana Gusmão, que ontem iniciou uma visita de cinco dias ao distrito de Aileu e recusou receber, antes de partir, uma delegação da Igreja.
O ‘braço-de ferro’ entre o governo e a Igreja começou no passado dia 19 de Abril, depois de o executivo de Alkatiri ter decidido tornar facultativa a disciplina de Moral e Religião nas escolas.Sabrina Hassanali com Lusa