Destaco aqui a actividade de Lucinda Serras Pires Feijão e da Maria José Serras Pires Cardeano, mãe de Serras Pires Cardeano, actualmente na Tanzania.
Ambas são irmãs de Adelino Serras Pires.
A primeira foi redactora da voz da Quizumba e ambas trabalharam no jornal de língua portuguesa que foi encerrado pelas autoridades zimbabweanas.
A família fugiu, depois, para a África do Sul. Daqui, houve ramificações, mas a maior parte dos seus membros foi para Portugal.
Durante a minha estadia em Portugal contactei pessoalmente com Maria José Serras Pires Cardeano, com a Henriqueta Serras Pires, com Adelino Serras Pires Júnior e com Serras Pires Cardeano. Estes dois contactos o contacto foi momentos antes deles se dirigirem à Madrid, Espanha, onde tomariam depois o avião para Tanzania.
A Maria José Pires Cardeano falou-me que já tem o desenho da “nova bandeira” de Moçambique. Ela mantém estreitas relações com Evo Fernandes e lamenta a morte do Cristina, dizendo que este foi “assassinado” pelos irmãos Bomba, “infiltrados pelo SNASP” nos bandos armados.
Por que razão os dois primos estão na Tanzania?
O norte de Moçambique ainda não foi directamente atingido por acções de desestabilização dos bandos armados.
Será que a missão dos dois é de agitar os moçambicanos residentes na Tanzania para os recrutarem?
4. Quem é o Evo Fernandes?
O Evo Fernandes é natural da Beira. Advogado, formou-se na faculdade da Universidade de Lisboa.
No exército colonial Português, pertencia aos Serviços da Justiça ,ficou Comando-Chefe em Nampula, na altura de Kaulza de Arriaga (...)
Após cumprir o serviço militar, aparece como um elemento da confiança do Jorge Jardim. É nomeado subdirector do “Notícias da Beira”.
Após o 25 de Abril de 1974, com a demissão do então director deste jornal, foi nomeado pelo Jorge Jardim para aquele cargo em 8 de Junho desse ano. Esteve apenas um dia nessas funções, já que a três de Junho a Administração Jorge Jardim foi expulsa do jornal pelos trabalhadores.
Continua ligado ao Jardim, mas aparece em 1979 como um funcionário superior da Livraria Bertrand, ligado ao Bullosa.
Ainda se mantém em Moçambique algum tempo, após a proclamação da independência nacional. Chegou a ser professor do liceu, na cadeira de História.
Colegas seus do tempo da Universidade disseram que Evo Fernandes era agente da PIDE infiltrado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Nos últimos tempos, tem visitado com regularidade a cidade de Lisboa.
5.Quem é o Jorge Correia?
(...) é um filho de antigo vendedor de carros do Entreposto, na cidade da Beira.
Quando tinha uns cinco ou seis anos, ele e o pai correram o risco de morrer afogados na praia defronte ao Grande Hotel, na Beira.
O Jorge Correia fez a instrução primária e parte da secundária na Beira. Foi para a “metrópole” prosseguir os seus estudos, tendo chegado a frequentar o segundo ano de Electromecânica.
Após a proclamação da nossa independência, aparece na Beira, casado, intitulando-se “engenheiro electromecânico“.
Obtém um contrato, com um vencimento de 50 contos mensais e respectiva transfêrencia para trabalhar na MOBEIRA.
Possui um apartamento no prédio Emporium e um automovel “Citroen DS 20”.
A esposa é funcionaria do consulado geral de Portugal na Beira .
Por incompetência, é desligado da MOBEIRA.
Vem para Maputo e consegue colocação na FASOL /SABOREL .
O seu passaporte, no espaço destinado a profissão, havia sido falsificado pela esposa que esteve implicada no desaparecimento de passaportes portugueses no consulado da Beira.
Regressa a Portugal em 1979 e reaparece em Moçambique como representante da Livraria Bertrand, propondo “negócios chorudoa de milhões de dólares” ao nosso Governo.
Quando aparece, pela primeira vez na Beira , após a proclamação da independência, afirma-se como militante do Partido Comunista Português, um convicto homem de esquerda.
6.Contacto com Sandy Alexander Sloop
Sandy Aexander Sloop convidou–me para o almoço.
Pretendia recolher informações sobre o que ele chamou de “cisões” na direcção do Partido Frelimo. Em particular, queria uma informação sobre uma eventual dissidência de sua excelência o Tenente- General Armando Guebuza, após a última remodelação governamental.
Fiquei com a sensação de que para além dessas informações ele pretendia estabelecer uma ligação directa com alguém em Maputo, que lhes permitisse um contacto telefónico ou de telex a partir de Lisboa para saber “coisas“ sobre o que se passa em Moçambique.
O almoço teve lugar após a conferência da imprensa e tinha passado no encontro.
Disse-me que o Jorge Correia havia anunciado o desencadeamento da operação ”Cacimbo Ardente” em 10 províncias do nosso País com um efectivo de 16 mil homens.
Falou do aperto do cerco às capitais provinciais para respectivo isolamento, e do aumento de ataques contra alvos estratégicos, em particular linhas de transporte de energia eléctrica.
Referiu aos constantes avisos aos cidadãos estrangeiros, trabalhando em Moçambique considerando os bandidos armados como inimigos.
Nesta altura, a conferência de imprensa foi interrompida pelos agentes da polícia portuguesa .
E enquanto estes agentes iam buscar um mandato oficial a conversa prosseguiu entre o Jorge Correia e os jornalistas. O Augusto de Carvalho pôs em questão a credibilidade das informações ali prestadas pelo Jorge Correia, argumentando que naquelas semanas antes o Jorge Correia havia anunciado que “Samora Machel e o seu Governo” haviam ”fugido” do Maputo e instalado ”capital provisória” em Nampula.
O Cardoso Ribeiro quis saber como é que sendo o Jorge Correia de nacionalidade portuguesa, este estava ligado a uma “organização” que se diz moçambicana. A resposta foi:
-“ A Frelimo não me quer dar o passaporte moçambicano”.
O Sandy Alexander Sloop falou-me ainda da sua entrada ilegal em Moçambique, no ano passado através da África do Sul.
Ele e o seu colega foram transportados por um avião da Africa do Sul para a zona central do nosso País. O avião aterra numa pista da região da Gorongosa .
Trabalharam com o tal Dhlakama, que promoveu uma reunião com as suas “estruturas centrais”, para as filmagens.
Com o mesmo fim, organizou uma “operação de sabotagem” à linha férrea Inhaminga-Beira.
No trajecto à pé entre a Gorongosa e a linha férrea, foram informados via rádio de que haviam passado dois comboios naquela linha e que um terceiro iria passar em breve.
Segundo o Sloop, o grupo era de umas 140 pessoas.
Para apressar a marcha até à linha, pois a ideia de Dhlakama já não era a de simular um acto de sabotagem, mas um ataque real ao comboio, o grupo foi dividido em dois subgrupos de 70 pessoas cada uma.
O grupo dos bandidos que se dirigiu à linha férrea era chefiado pelo próprio Dhlakama e dele faziam parte ”cinco generais” ditos “responsáveis militares das províncias de Gaza, Inhambane, Sofala, Tete e Manica” e por “secretários da agricultura e da educação”.
Este grupo foi surpreendido –segundo o Sloop– por um comboio fortemente guarnecido que recebeu reforços, transportados por um outro comboio.
Houve um combate de três horas entre as nossas forças e os bandidos armados. Estes esgotaram as suas munições e tiveram que se pôr em fuga.
O Sloop disse-me que os cinco “generais” ficaram feridos e que o próprio Dhlakama ficou com a camisa furada por uma bala e que havia sido atingido num dos crregadores com um tiro.
Sloop disse-me que ficou admirado de as nossas forças não terem perseguido o grupo que estava sem munições.(Concl.)
Continuação de
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/06/adelino_serras_.html