MOÇAMBIQUE – TRINTA ANOS DEPOIS
Trinta anos da Independência de Moçambique, um percurso histórico curto, mas que deu aos que ainda detém o leme, a levar o país a tocar os extremos e continuamos a não saber para onde vamos
No próximo sábado, dia 25 de Junho, completa-se 30 anos da existência de Moçambique como estado independente e soberano. Homens tombaram nas várias frentes de luta para a consumação do referido sonho, a 25 de Junho de 1975.
Conseguida a Independência, o que fizemos com ela? Eis a questão.
Longe de unirmos e edificar um país próspero, os que se colocaram ao leme, sob cobertura dos Acordos de Lusaka(7 de Setembro de 1974), que proclamou a Frelimo como legítimo representante do povo moçambicano, começaram a criar inimigos: As primeiras dificuldades que se vão manter até hoje começam, então, a repercutir-se em todo o tecido social moçambicano: a ideologização, as arbitrariedades, as nacionalizações, provocando a saída massiva de pequenos e grandes empresários, de quadros e, sobretudo, a destruição da rede de comercialização agrícola, vital para a sobrevivência da agricultura familiar.
Depois a Guerra Civil, iniciada em 1977 que ganha fértil campo de manobra numa população que é vítima principal da prepotência, do absolutismo, da corrupção dos dirigentes, funcionários e militares privilegiados.
Terminado o conflito armado, em 1992 - que as estatísticas oficiais apontam ter feito mais de um milhão de mortos, milhares de cidadãos feitos deslocados de guerra, dentro e fora do país, para além de danos materiais incalculáveis - sonhou que, finalmente, havia chegado a salvação – pelo menos se sairia da pobreza absoluta, que afectava perto de 80 por cento da população. Mero sonho, como dissemos.
Treze anos depois da guerra, mais de metade da população moçambicana não conseguiu sair da pobreza absoluta – a tal «incapacidade – segundo o conceito oficial - dos indivíduos de assegurar para si e os seus dependentes um conjunto de condições básicas mínimas para a sua subsistência e bem-estar, segundo as normas da sociedade».
Ao longo destes 30 anos, a nível dos discursos políticos, foram avançadas designações pomposas de programas que diziam que eram a solução de Moçambique. Tivemos o PPI(Plano Prospectivo Indicativo), PRES(Plano de Reabilitação Económica e Social) e agora estamos no PARPA(Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta), resultado, continuamos a minguar.
Estamos na era do pseudo combate ao deixa andar(tido como herança chissaniana na governação), numa operação de marketing político onde se posicionaram à frente da aludida batalha, os mesmos que se beneficiaram desse mesmo deixa andar, criando impérios de riqueza, quando há menos de duas década nem pato - fonte da suposta riqueza – tinham para comer.
É por tudo isto, que acreditamos que 30 anos da Independência de Moçambique, o país continua sem rumo. Os nossos vizinhos, atentos, transformaram o nosso país num grande bazar/mercado, onde comercializam até tomate e cebola, que nós não conseguimos produzir internamente, apesar de vastos solos férteis. JF
IMPALA – 24.06.2005