Renamo avança seus argumentos
Apesar de reconhecer que a Independência de Moçambique é um valor de todos os moçambicanos, a Resistência Nacional Moçambicana – Renamo – decidiu não participar nas cerimónias centrais da celebração dos 30 anos da Independência, a ter lugar sábado, na capital do país.
A referida decisão foi tornada pública, ontem, pelo porta-voz da “perdiz”, Fernando Mazanga, à margem de mais uma sessão ordinária do gabinete de assessoria de Afonso Dhlakama, líder do maior partido da Oposição em Moçambique.
Falando em conferência de imprensa, Mazanga explicou que a não participação do seu partido, na Praça da Independência, onde vão decorrer as cerimónias centrais, visa manifestar a discordância da Renamo pela forma como o actual presidente da República, Armando Guebuza, ascendeu ao poder. «A fraude é um assunto que mexe com a Renamo, é assunto que mexe com a sensibilidade do povo moçambicano, por isso mesmo, não faz sentido nós sentarmos ao lado dos elementos da Frelimo que sabemos que usurparam o poder(...)porque não foram legitimados pelo povo nas urnas», avançou Mazanga em alusão à principal reivindicação da “perdiz” chumbada pelo Conselho Constitucional de que nas últimas eleições gerais houve uma fraude maciça a favor da Frelimo e o seu candidato à Ponta Vermelha, Armando Guebuza.
Assim, a Renamo projecta celebrar os 30 anos da Independência na sua sede, em Maputo. Fora da capital do país, a liderança daquela formação política instruiu os membros e simpatizantes da Renamo a comemorar a data mas à margem dos eventos organizados pelo executivo moçambicano.
Chama da desunião
A “perdiz” não concorda, ainda, na forma como está organizado o movimento que transporta a propalada chama da unidade.
Segundo Mazanga, ao lado da chama se movimenta, também, a bandeira da Frelimo, o que revela uma partidarização do evento quando se devia promover a «unidade na diversidade».
Solidário com os sindicatos.
Na referida conferência de imprensa, a Renamo manifestou, igualmente, a sua solidariedade com os sindicatos na sua luta sobre o salário mínimo, cujo aumento recente foi de 14 por cento, uma percentagem que desiludiu a massa laboral, mas que os empregadores consideram demasiado alta para as reais capacidades da maioria das empresas moçambicanas.
«A Renamo, está solidária para com a continuação da exigência do salário mínimo nacional, porque estamos a verificar que quando se aumenta o salário mínimo os preços disparam de uma forma astronómica o que acaba esvaziando qualquer tipo de aumento salarial que possa surgir», argumentou Mazanga.
O porta-voz da “perdiz” falou do drama que cria a exiguidade do salário nas famílias, lembrando, por exemplo, que por causa da magreza do ordenado, muitos moçambicanos não vão comemorar, condignamente, as festas do 25 de Junho devido ao fraco poder de compra.
Na óptica de Mazanga, «estas festas só serão celebradas por um punhado de indivíduos, uma oligarquia atrelada ao poder que vai festejar com pompa e circunstância os 30 anos da Independência Nacional, que até convidaram pessoas de fora» para dar a entender que há unidade em Moçambique, «por isso que a Renamo não se vai associar a este tipo de comportamentos». Da Redacção
IMPARCIAL – 23.06.2005