«Estamos preparados para o que der e vier» da Frelimo, Marcelino dos Santos, no novo canal da televisão moçambicano, STV – que até então é tido como um grande sucesso (referimo-nos ao canal) - está a mexer com várias sensibilidades moçambicanas.
Um dos que se sentiu, amargamente, ofendido com as declarações de Marcelino dos Santos é o general na reserva da guerrilha da Renamo, Hermínio Morais, actual assessor de Afonso Dhlakama para os Assuntos de Defesa e Segurança.
Refira-se que Hermínio Morais é um dos dois homens indicados pela “perdiz” para o Conselho Nacional de Defesa e Segurança, que à luz da Constituição moçambicana, se posiciona como um dos órgãos de consulta do Chefe de Estado em Moçambique, neste caso Armando Guebuza.
O general contactou, ontem, a nossa publicação, para, entre outras questões, congratular «o tio Marcelino dos Santos, veterano da Luta de Libertação Nacional, Frelimo, por excelência, por ter reconhecido a derrota militar das FAM/FPLM no teatro das operações, com a guerrilha da Renamo».
No entanto, avançou, «é de lamentar quando se contradiz, assegurando que jamais ele teria negociado com os “bandidos armados”, os mesmos que tinham a situação militar sob seu controlo, como ele mesmo reconheceu, aliás, estávamos à porta do centro da cidade, operámos na Catembe, Matola, Costa do Sol, Albasine, etc. Ou seja, Marcelino dos Santos se esquece que não se tratava de vontade ou não para negociar com a Renamo, que ele e seus correligionários apelidaram de bandidos armados, mas sim uma necessidade urgente para a própria sobrevivência dele e do seu partido».
«É lamentável que em pleno século XXI, numa altura em que deviamos pautar pela política de reconciliação nacional, apareçam cidadãos como o tio Marcelino dos Santos que, em princípio, deveria ser o grande conselheiro de todos nós, dado o seu percurso histórico, a lançar “bocas” incendiárias... um autêntico atentado à paz», referiu.
Hermínio Morais, lamenta ainda que Marcelino dos santos continue a acreditar que pode acabar com a Renamo, «chegando ao ponto de definir metas(até 2009 – ano projectado para as eleições presidenciais e legislativas - a “perdiz” iria desaparecer)».
«Avisados que estamos, nós antigos guerrilheiros, membros e simpatizantes da Renamo, estamos preparados para o que der e vier.
Aliás, aproveitamos este espaço para alertar aos membros e simpatizantes para se prepararem de modo a defender a democracia arduamente conquistada que Marcelino dos Santos e seus seguidores apostam em aniquilar», alertou. JF
IMPARCIAL – 21.06.2005