Três mortos e seis feridos, incluindo um polícia, é o balanço provisório dos confrontos registados hoje na capital guineense entre as forças policiais e manifestantes apoiantes de Kumba Ialá, informaram as forças de segurança e fontes médicas.
Em declarações aos jornalistas, o comissário-geral da Polícia da Ordem Pública (POP), coronel Antero João Correia, confirmou a morte de três jovens manifestantes e a existência de seis feridos, um deles em estado grave, actualmente no bloco operatório, enquanto os restantes não inspiram cuidados de maior.
A mesma informação foi confirmada à Agência Lusa por fontes médicas do Hospital Nacional Simão Mendes, principal unidade hospitalar da Guiné-Bissau, em cuja morgue se encontram já os três cadáveres.
Um dos mortos foi atingido na cabeça, em plena Avenida Amílcar Cabral, e o segundo na região torácica quando se encontrava em frente da sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE), onde começaram os confrontos entre manifestantes e a polícia.
Antero João Correia adiantou também que foram detidas pelos menos seis pessoas, destacando entre elas Artur Sanhá, secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS, principal força da oposição guineense que apoiou a candidatura de Kumba Ialá à presidência).
Artur Sanhá foi primeiro-ministro do Governo de Transição (Setembro de 2003 a Outubro de 2004) e quando foi detido tinha em seu poder duas pistolas e dois carregadores.
Segundo o comissário-geral da Polícia, Sanhá foi levado para a segunda esquadra, em Bissau, tendo sido já visitado pelos ministros guineenses do Interior, Mumine Embaló, e da Defesa, Martinho Ndafa Cabi. Segundo Antero João Correia, o dirigente do PRS encontra-se "bem".
Antero João Correia, Mumine Embaló e Ndafa Cabi estiveram também juntos no Hospital Simão Mendes, onde se inteiraram da situação, tendo a direcção da unidade hospitalar pedido um reforço da segurança em torno do edifício.
Nas declarações aos jornalistas, o comissário-geral da Polícia guineense indicou que manifestação de apoio a Kumba Ialá não foi autorizada nem pelas autoridades policiais nem pelo Ministério da Administração Interna, pelo que se tratou de uma acção ilegal.
Questionado pelos jornalistas sobre a forma como começaram os confrontos, Antero João Correia indicou que foram os jovens que os iniciaram, através de pequenas provocações, incluindo o lançamento de pedras contra os agentes de segurança.
De imediato, estes ripostaram disparando tiros de granadas de gás lacrimogéneo e rajadas de metralhadora "Ak-47", que atingiram dois dos jovens manifestantes.
Antero João Correia sublinhou ainda que está já em curso um inquérito para averiguar as circunstâncias em que se registaram os confrontos, na sequência de uma marcha organizada pelo PRS, desta vez destinada a protestar contra alegadas irregularidades no processo eleitoral das presidenciais de domingo último.
Segundo Artur Sanhá, que falou aos jornalistas antes de ser detido pela polícia, Kumba Ialá é o "legítimo vencedor" da primeira volta das presidenciais, tendo em conta os resultados constantes das actas síntese da votação recolhidas pelo seu partido.
Numa segunda volta, adiantou, o ex-presidente guineense (2000/03) iria defrontar Malam Bacai Sanhá, também ex-chefe de Estado (1998/2000), candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder).
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou quarta-feira os resultados provisórios da votação de domingo e, apresentando apenas os resultados de cada uma das nove regiões do país, a soma dos dados deu a vitória a Bacai Sanhá, com 35,4 por cento dos votos, seguido pelo independente João Bernardo "Nino" Vieira, igualmente ex-presidente (1980/98), com 28,8 por cento.
Segundo dados da CNE, Kumba Ialá foi o terceiro mais votado, com 24,9 por cento dos votos, ficando assim arredado da segunda volta.
Hoje, o presidente da CNE, Malam Mané, indicou que divulgará sábado os resultados finais definitivos da primeira volta das presidenciais.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 24.06.2005