REACÇÃO DOS TRABALHADORES Marta Banze, solteira, com cinco filhos, funcionária no Ministério da Educação, acusou o governo moçambicano de não ter feito uma reflexão séria em relação ao que deve ser o salário mínimo. Segundo Banze, os preços dos produtos no mercado aumentam de forma galopante e o Governo nada faz para impedir que tal cenário aconteça. «O custo de vida está caríssimo, com o actual salário miníno não é possível um trabalhador ter uma vida condigna», sustentou. A título de exemplo, a nossa fonte avançou, que só para a compra de produtos básicos, como o pão, tomate, arroz, carapau, batata, cebola, alho, sal, óleo, açúcar «tem sido uma dor de cabeça para muitas famílias». «Para conseguir comprar estes produtos gasta-se mais de três mil contos por mês, porque tudo está caro no mercado. Onde é que vamos parar com este tipo de vida?», questionou. Outro nosso entrevistado, que se identificou por Carlos Mate, professor na Escola Secundária da Noroeste-2, e residente em Guava, avançou que tem cinco filhos e vive, também, com seus irmãos mais novos. Mate disse que todos trabalham e estudam cá na cidade, e só de transporte gastam cerca de dois milhões de meticais mensalmente. «Este valor gastamos apenas em transporte sem incluir a alimentação. Isto é um martírio», frisou. Para Mate, os reajustamentos do salário minímo anuais são apenas para o inglês ver porque nunca chegam a satisfazer as necessidades do povo moçambicano. «Os produtos da primeira necessidade sobem diariamente e o nosso Governo fica indiferente», avançou. Luísa Pachisso, solteira, com quatro filhos, secretária, acusou os sindicatos de serem incompetentes, alegando que não são interventivos. «Nada fazem em prol dos trabalhadores», afirmou. De acordo com Pachisso, da maneira como o custo de vida está no país, o reajustamento do salário minimo não significa nada, «mesmo se fosse de dois mil contos, também não seria absolutamente nada», disse. Maria Cossa, com cinco filhos, disse que esperava que o salário mínimo fosse reajustado para 1.700 meticais face ao custo de vida no país. «Com este salário, não chega para comprar o mínimo», sublinhou. Segundo Cossa, enquanto o salário mínimo continuar a ser uma ninharia, não será possível combater o "espírito de deixa andar no país". «Mesmo quem ganha quatro mil contos, não consegue ter uma vida condigna. Imagine o tipo de vida que leva aquele que vive do salário minímo? Muitas vezes só tem uma refeição por dia», desabafou. ARLETE NDEVE IMPARCIAL – 13.06.2005