Ainda a propósito da aparente crise que abala o Governo do presidente moçambicano, Armando Guebuza, muito se tem falado sobre a necessidade de separação de assuntos do partido Frelimo com as questões que dizem respeito ao Estado.
Que em Moçambique o partido Frelimo se confunde com o Estado, ninguém duvida, e esta parece ser a filosofia de sobrevivência do partido no poder que revela ter saudades dos tempos do partido único.
Quando nos princípios do corrente ano, o presidente da República assumiu o poder, pairavam algumas dúvidas sobre como é que Guebuza haveria de exercer o seu poder como PR sem que
Foi convocado o Comité Central da Frelimo para analisar o assunto e, na esteira das influências dos considerados “ortodoxos” da Frelimo (grupo Marcelino dos Santos & Companhia), o então presidente da República, Joaquim Chissano, viu-se na contingência de ceder o lugar que ocupava, como presidente da Frelimo deixando assim a ala “guebuziana” tomar conta das rédeas do partido. Armando Emílio Guebuza, passou assim a exercer as funções de secretáriogeral, presidente do partido Frelimo e presidente da República.
Seguiu-se a formação do novo Governo incluindo a nomeação de novos governadores provinciais.
5 meses depois da entrada em funcionamento do Governo dirigido pelo presidente saído das eleições gerais de 2004, eis que, constata-se que algo vai mal ao nível do executivo, chegando ao ponto de alguns deles serem submetidos a cursos de improviso na Escola da Frelimo na Matola, de modo a se adequarem a nova realidade do país.
Sob capa de levar a cabo a presidência aberta, o presidente da República, convocou o chamado Conselho de Ministros Alargado, que não passou de mais um encontro de “camaradas” para verificar o que realmente estaria a por em causa a unidade do Partido/Estado.
De entre várias questões discutidas no famoso Conselho de Ministros Alargado, entre o reforço do
Numa situação do género, como é que se pode exigir que o Estado actue com transparência e imparcialidade?
Ao que parece, nem o próprio PR se manifesta interessado em que este assunto seja discutido,
Estes são claros sinais de uma ditadura que se vai forjando num sociedade que se pretende democrática onde as questões partidárias se distinguem claramente das actividades do Estado.
José Chitula – IMPARCIAL – 19.07.2005