HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO Eliseu Sueia, sociólogo, foi destituído, ontem, como porta-voz do Hospital Central de Maputo, o maior de Moçambique, presumindo-se que seja vítima do seu próprio pronunciamento público, que apontou o governo moçambicano como sendo culpado pela morte, na última sexta-feira, à noite, do músico e compositor Carlos Chongo. No último sábado, Eliseu Sueia, em contacto com a STV, canal de televisão privado, no país, disse que se o governo moçambicano tivesse intervido, a tempo, a morte de Carlos Chongo ter-se-ia evitado. Refira-se que, aquele músico e compositor, não recebeu tratamento a tempo de modo a remover o tumor maligno que acabou sendo uma das causas da sua morte. Nos finais do ano passado, foi avançado que para a remoção do tumor maligno, eram necessários 35 mil randes, porque já se exigia a quimioterapia, um tratamento que só podia ser feito na vizinha África do Sul. O valor não foi conseguido de imediato, e à medida que o tempo passava, a doença ia desgastando Carlos Chongo, e os valores foram subindo até às centenas de milhares de randes, o que não foi possível, apesar dos esforços dos músicos e Sociedade Civil, no geral. O governo, pelo que se sabe, embora não obrigado, não teve uma contribuição visível no caso. Em contacto, ontem, com o IMPARCIAL, Sueia confirmou que já não era mais porta-voz do maior hospital do país, e que tal medida lhe teria sido comunicada pelo novo director-geral, António Cândido, que terá ficado surpreendido com o seu pronunciamento na comunicação social sobre a morte de Carlos Chongo. «Não há nada de ilegal - disse o sociólogo - é uma questão de confiança. Apenas cessei funções como porta-voz, cargo de confiança, mas continuo funcionário do Estado», sublinhou. Sueia disse, por outro lado, ter ficado aliviado com a medida, porque, nos últimos tempos, se sentia «pressionado», para além do «clima de tensão» que estaria a reinar no Hospital Central, que dificultava o Carlos Chongo foi o líder de uma banda musical (uma das mais populares em Moçambique pós Independência, devido à intervenção social das suas composições) que ele criou e liderou desde a década 70, onde, também, se salienta o nome da cantora e bailarina, Zaida Chongo, sua esposa, falecida no ano passado, vítima de doença. Francisco Cândido é o líder do novo elenco do Hospital Central de Maputo, indicado por Ivo Garrido, ministro de saúde do governo (de Armando Guebuza) que aposta no combate ao "deixa-andar", que, apesar disso, o tal executivo não conseguiu evitar passar por cima da lei, nas suas nomeações, que acabaram ferindo o diploma ministerial nº 40/2004, de 18 de Fevereiro, que estatui a necessidade de um concurso público para indicação do pessoal de direcção da maior unidade hospitalar do país. JAQUES FELISBERTO - IMPARCIAL – 05.07.2005 P:S.: A minha homenagem a Carlos Chongo http://www.macua.org/mp3/sibo.html Fernando Gil