O chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, negou ter recebido uma carta de demissão da primeira-ministra do país, Luísa Diogo, possibilidade que classificou como boato. |
É boato e não me guio por boatos, sublinhou Guebuza, desmentindo, terça-feira na cidade de Nacala, norte de Moçambique, rumores veiculados por um semanário de Maputo sobre um hipotético pedido de demissão da primeira-ministra. Porquê remodelar um governo sólido?, perguntou o Presidente aos jornalistas que o questionaram sobre a notícia. A própria Luísa Diogo, que ocupou idênticas funções no anterior executivo de Joaquim Chissano, já desmentiu a alegada demissão, considerando-a falsa e uma notícia de muito mau gosto, numa altura em que o país está a acelerar os seus esforços de combate à pobreza absoluta. É desagradável ver que há moçambicanos que não compartilham a nossa agenda de combate à pobreza absoluta e criam instabilidade e insegurança, sublinhou Luísa Diogo, em declarações à Rádio Moçambique. No sistema político moçambicano cabe ao chefe de Estado formar e presidir ao Governo. As notícias sobre a alegada demissão da primeira-ministra moçambicana surgem alguns dias depois de Armando Guebuza ter acusado os membros do executivo, empossado no início deste ano, de recorrerem a justificações pré-fabricadas, para se defenderem do incumprimento de metas. No discurso proferido no conselho de ministros alargado, Armando Guebuza afirmou que o incumprimento dos planos preconizados na sua governação está a resultar na frustração das expectativas da população e consequente adiamento das necessidades do povo. A iniciativa do Presidente, que juntou em conselho de ministros cerca de 180 pessoas, entre anteriores governantes, governadores provinciais e responsáveis por empresas estatais, foi vista como uma tentativa de reforçar a ruptura com o anterior executivo, de Joaquim Chissano, igualmente da FRELIMO, o partido que governa Moçambique ! desde a independência em 1975. Quando tomou posse! , no início deste ano, Guebuza prometeu desencadear um forte combate ao espírito do deixa-andar, no que foi entendido como uma crítica ao antecessor, e reforçar as medidas de combate à pobreza absoluta e à corrupção e lançar o desenvolvimento económico. No entanto, tirando algumas iniciativas individuais de ministros, que rodeados por jornalistas, fizeram visitas de surpresa a áreas que tutelam para criticar o ambiente de deixa-andar, o executivo de Guebuza ainda não descolou claramente dos Governos chefiados por Chissano, Presidente do país de 1986 a 2005. A oposição, liderada pela RENAMO, considerou que as críticas de Guebuza revelam que o Governo falhou nos primeiros seis meses de actividade, mas também tem demonstrado incapacidade para apresentar propostas alternativas. Agência LUSA |