Malam Bacai Sanhá, candidato derrotado na segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau, vai interpor um novo recurso no Supremo para exigir a recontagem dos votos, afirmou o chefe de Estado são-tomense no final de uma visita a Bissau.
"A percepção com que fiquei da conversa que mantive com o senhor Malam Bacai Sanhá é a de que ele quer ver realizada a justiça", afirmou Fradique de Menezes, indicando que Bacai Sanhá lhe disse que vai interpor um novo recurso no Supremo Tribunal de Justiça.
O também presidente em exercício da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmou ainda que percebeu durante a sua conversa com o candidato derrotado que este persiste em não reconhecer "Nino" Vieira como novo Presidente guineense.
Segundo Fradique de Menezes, Bacai Sanhá deixou entender durante toda a conversa que vai continuar a exigir que seja feita justiça, o que passará pela reabertura das urnas e recontagem dos votos para que se saiba quem foi o verdadeiro vencedor das presidenciais.
"Pelo que julgo saber, a vossa lei (a guineense) não permite que as urnas eleitorais sejam reabertas após o fim do processo da votação", prosseguiu Fradique de Menezes em declarações à imprensa no final de uma visita de cinco horas à capital guineense.
Falando em nome dos dirigentes da CPLP, o Presidente são- tomense voltou a instar os líderes, políticos e o povo guineense em geral a entenderem-se, a porem as clivagens de lado, privilegiando o diálogo e a concórdia nacional.
Das conversas que manteve com diversas personalidades durante a curta visita que efectuou à Guiné-Bissau disse, no entanto, ter ficado com a percepção de que "todos já perceberam que o entendimento é necessário".
Questionado sobre a justeza do acto eleitoral, Fradique de Menezes limitou-se a afirmar que a opinião da CPLP se baseia na apreciação global feita pelos representantes das organizações internacionais que observaram o desenrolar do processo no terreno.
Disse, no entanto, estar "tranquilo" em relação ao futuro da Guiné-Bissau, sobretudo pelas garantias que recebeu das chefias militares, nomeadamente do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), general Tagmé Na Waié.
"A minha conversa com o senhor general Tagmé Na Waié deixou-me tranquilo em relação ao futuro e ao papel das Forças Armadas da Guiné- Bissau", sintetizou Fradique de Menezes antes de partir para São Tomé e Príncipe.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 23.08.2005