A família do poeta moçambicano José Craveirinha acusou o responsável da extinta editora portuguesa Dacapo de "estar a dificultar" a publicação de 38 poemas inéditos, na sua posse, gravados em cassete pelo próprio autor, em 1987.
O editor, por seu lado negou as acusações, garantindo nunca ter sido contactado pela família do poeta, e manifestou a intenção de doar os poemas ao Ministério da Educação e Cultura de Moçambique.
Segundo o filho do poeta, Zeca Craveirinha, o editor da Decapo, João Ribeiro, a residir em Moçambique, exige cerca de 70 mil euros como condição para devolução dos inéditos, facto que, disse, está a "indignar" a família.
"O João Ribeiro está a pedir somas elevadas em dinheiro para devolver as cassetes da obra do meu pai", afirmou Zeca Craveirinha ao semanário Domingo, considerando a atitude do editor "um insulto" à memória do maior poeta moçambicano, falecido em 2003. José Craveirinha terá manifestado, antes da sua morte, a pretensão de ver os seus poemas gravados em disco para posterior publicação, disse ainda o filho.
João Ribeiro, por seu lado, negou ter cobrado qualquer montante como condição para a devolução da obra à família, que, afirmou, "nunca" o contactou, mas sublinhou a necessidade de se pagar os custos de produção da gravação.
"Até hoje não fui contactado pela família", mas "os custos de produção têm que ser pagos", afirmou Ribeiro.
O antigo director da Dacapo referiu que pretende doar a obra ao Ministério da Educação e Cultura de Moçambique, por se tratar de poemas "didácticos".
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 01.08.2005