As autoridades aeronáuticas francesas exigem a realização de uma auditoria externa à companhia aérea moçambicana LAM, actualmente na "lista negra" do governo de Paris, informou hoje o responsável da aviação civil de Moçambique.
De acordo com António Pinto, director do Instituto Nacional de Aviação Civil de Moçambique (INAC), a França exigiu a auditoria após anomalias detectadas no teste de rampa a voos da LAM entre Pemba, norte de Moçambique, e o território francês de Mayotte, ilha no Índico, realizados em sistema de "franchising" pela companhia moçambicana Transairways.
O director do INAC assinalou terem já sido sugeridas às autoridades francesas duas empresas, uma australiana e outra francesa, para a realização da auditoria, aguardando o INAC uma resposta de Paris.
Entre as irregularidades detectadas pela aviação civil de Mayotte conta-se a não apresentação da licença do piloto do aparelho quando do teste e a inexistência de um salva-vidas a bordo.
António Pinto acrescentou que as autoridades de Mayotte, que realizaram dois testes de rampa no último ano, antes de suspenderem a operação questionaram igualmente o facto de o voo ter os códigos da LAM mas ser operado por uma terceira companhia com um aparelho com matrícula da Suazilândia.
Hoje, numa conferência de imprensa, representantes do INAC, LAM e da Transairways reagiram à decisão do governo de Paris de colocar na "lista negra" a companhia de bandeira de Moçambique, impedindo-a de sobrevoar território francês.
Esta medida aplica-se ao domínio ultramarino de Mayotte, único ponto do território francês escalado pela LAM, que, entre 1982 e 1995, explorou a rota Maputo-Paris "sem qualquer incidente", como afirmou o administrador técnico de operações da empresa, João Abreu.
Este responsável recordou que a LAM é actualmente alvo de auditorias anuais desencadeadas pela TAP e pela companhia aérea sul- africana SAA, com as quais detém acordos de transporte de passageiros.
"Não é por uma inspecção na rampa que se suspende uma companhia de bandeira", criticou Abreu, considerando "injusta" a decisão do governo francês.
Aquele responsável não especificou que consequências resultam desta decisão no acordo com a Transairways, empresa com aviões de pequeno porte que explora algumas rotas domésticas em Moçambique em nome da LAM.
Herdeira da extinta DETA, empresa criada em 1936, na então colónia portuguesa de Moçambique, a LAM opera com uma frota de três Boeing 737-200, alugados em regime de "leasing", e é proprietária de um Boeing 767-200, actualmente cedido a uma empresa mexicana.
No último ano, a LAM transportou 300 mil passageiros em mais de 13 mil horas de voo, nas quais "não registou nenhum acidente", segundo um comunicado da companhia divulgado hoje.
O mesmo comunicado recorda que, "recentemente, a LAM recebeu a certificação de qualidade de operador aéreo do ICAO" (Organização Internacional de Aviação Civil) e que é membro activo das mais importantes organizações internacionais e regionais do sector.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 29.08.2005