O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, não reconhece Nino Vieira como Presidente e pede a demissão dos membros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) por «incapacidade».
O Supremo Tribunal de Bissau indeferiu na sexta-feira o recurso da candidatura de Malam Bacai Sanhá contra os resultados da segunda volta das eleições presidenciais de 24 de Julho.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tinha proclamado João Bernardo Vieira vencedor por 52,3 por cento dos votos.
Malam Bacai Sanhá, candidato do PAIGC, disse no sábado, num comício em que participaram centenas de apoiantes, que «não reconhece e não reconhecerá nunca» a vitória de Nino Vieira.
«Respeito o Supremo Tribunal como a mais alta jurisdição do nosso país mas não a sua decisão de 19 de Agosto, porque nos penalizou arrancando-nos à força a nossa vitória. É por isso que não reconheceremos nunca a vitória de Nino», acrescentou Sanhá.
Carlos Gomes Júnior, presidente do PAIGC, apoiou a posição do candidato do partido.
Numa declaração lida pelo porta-voz do PAIGC - o partido vencedor por maioria relativa das eleições legislativas de 2004 - era qualificada como «viciada e fraudulenta» a eleição de Nino Vieira.
O Conselho de Segurança da ONU pediu aos participantes no processo eleitoral que aceitem a decisão do STJ.
Numa declaração lida pelo embaixador do Japão Kenzo Oshima, que preside em Agosto àquele órgão supremo da ONU, «o Conselho de Segurança reconhece com satisfação o bom desenvolvimento das eleições presidenciais na Guiné-Bissau e o anúncio dos resultados pela CNE. Estes representam uma etapa importante para o restabelecimento da ordem constitucional».
O CS «exorta fortemente todas as partes a aceitar a sentença definitiva do STJ e a abster-se de todo acto que possa pôr em perigo os esforços para o restabelecimento da paz e a estabilidade do país».