A Parceria dos Países Europeus e Países em Vias de Desenvolvimento para Ensaios Clínicos (EDCTP) está a desenvolver vacinas contra a tuberculose, malária e SIDA em colaboração com médicos tradicionais africanos, informou hoje o responsável da instituição.
Relativamente à tuberculose, a iniciativa visa substituir o actual tratamento, que dura seis meses, porque não "é de modo algum eficaz", disse hoje em Maputo o antigo primeiro-ministro moçambicano, Pascoal Mocumbi.
"O que queremos - frisou - é que se encontre um medicamento mais eficaz que não seja o actual em que a pessoa chega a tomar seis comprimidos por dia, o que obviamente empanturra o estômago do paciente, induzindo-o, às vezes, a desistir do tratamento antes de matar de facto o vírus que causa esta doença".
Pascoal Mocumbi, que dirige desde o ano passado o centro afro- europeu vocacionado para a investigação clínica, sediado na Holanda, destacou a importância da medicina tradicional, afirmando que sem ela "há muito que a população africana estaria extinta".
"O objectivo final da parceria é chegar a uma conclusão comprovada cientificamente de que de facto este ou aquele medicamento tradicional cura efectivamente esta ou aquela doença, tal como é assumido pelos que o usam empiricamente", afirmou.
Mocumbi sublinhou a importância da parceria levada a cabo pelo Ministério da Saúde (MISAU) de Moçambique com os médicos tradicionais do país, porque, disse, "é mais do que certo que há medicamentos tradicionais (em Moçambique) que são eficazes no tratamento de certas doenças".
Apontou ainda a colaboração como vital pelo facto de "até aqui os que cursam medicina se limitarem à medicina moderna que lêem nos livros, ou que lhes é incutida pelos seus professores" nas escolas.
"A colaboração entre o MISAU e os médicos tradicionais moçambicanos poderá fazer com que a medicina tradicional saia do secretismo a que tem sido votada pelos seus praticantes e seja popularizada, para que mais pessoas beneficiem dela", concluiu.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 25.08.2005