Na morte de Carlos Cardoso
MAPUTO – Manuel dos Anjos Fernandes, mais conhecido por Escurinho, um dos intervenientes processuais do “caso BCM”, julgado com arguidos presos e condenados, é um dos autores morais na morte do jornalista Carlos Cardoso, assassinado a 22 de Novembro de 2000, no culminar da baptizada “Operação Incómodo” que teve como ‘peça chave’, Aníbal dos Santos Júnior, mais conhecido por Anibalzinho, que vai sentar no banco dos réus conforme previsto, na segundasemana do próximo mês de Setembro.
Consta em documentos processuais a que o A TribunaFax teve acesso que durante a investigação do “caso BCM”, Escurinho teria indiciado Nhympine Chissano, como sendo o mandante do crime contra Carlos Cardoso.
“No dia 22 de Novembro de 2000, Anibalzinho levou-me até à baixa onde fomos lavar o carro, e disse que precisava de mim por volta das 16 horas. A essa hora disse que queria me tirar da pobreza, mas para tal, tinha que fazer um trabalho encomendado pelo grande”, diz Escurinho prosseguindo “.. perguntei-lhe quem era esse grande, e ele disse que era Nhympine Chissano, o filho do Presidente da República Joaquim Chissano”.
Nas suas declarações, Escurinho reitera que tal trabalho “era matar um jornalista branco, Carlos Cardoso, e receberia pelo trabalho 500 milhões de meticais”, disse para depois reiterar que deste total apenas recebeu 30 milhões de meticais.
Dos documentos processuais resultantes de uma investigação policial, consta ainda que pelo assassinato de Carlos Cardoso, Anibalzinho receberia dos mandantes do crime, um bilião de meticais e mais 600 mil randes, dinheiro que não chegou a receber na sua totalidade uma vez ter falhado com a eliminação física do advogado Albano Silva, na rotulada “Operação Incómodo-1”.
No mesmo dossier, o comparsa de Escurinho, Carlitos Rachid confessa que foi o atirador contra Carlos Cardoso.
E para o efeito, usou uma espingarda do tipo AKM que recebera das mãos de Momad Assif Abdul Satar, Nini, também arguido condenado no processo BCM.
Os documentos investigativos que vimos a citar, reiteram que Carlitos Rachid disparou contra o jornalista e seu motorista, Carlos Cardoso e Carlos Manjate respectivamente, tendo causado morte imediata ao jornalista e lesões graves ao motorista.
Consta ainda dos documentos acima referenciados, um relatório balístico produzido por peritos sul-africanos que refere que o tipo de arma usada, a quantidade de balas disparadas e as zonas corporais atingidas, Carlitos Rachid disparou com intenção de matar.
Num outro desenvolvimento, consta dos documentos investigativos que os arguidos julgados e condenados no processo BCM, mandaram também executar Cardoso com o propósito de o impedir por qualquer meio que a fraude no BCM fosse investigado, instaurado e julgado. E que executada a morte de Cardoso, o suposto chefe da quadrilha, Anibalzinho recebeu avultadas somas em dinheiro, pagas pelos irmãos Satar e Ramaya na sede da Unicâmbios.
“Com esse dinheiro, Anibalzinho comprou uma viatura de marca Volvo, uma casa no bairro da Malanga, outra viatura Mercedes Benz e um mini bus Toyota.
A TRIBUNAfax – 31.08.2005