Os escritores Malé Madeçu, de S. Tomé e Príncipe, e Fidalgo Preto, de Cabo Verde, são os vencedores ex- aequo do Prémio Sonangol da Literatura, a mais importante distinção atribuída em Angola nesta área cultural. |
O são-tomense Malé Madeçu foi premiado pela obra +Retalhos do Massacre de Batepá+ e o cabo-verdiano Fidalgo Preto por +Baban - O Ladino+. Na perspectiva do júri, as duas obras destacaram-se entre as cerca de três dezenas de trabalhos concorrentes pela "salvaguarda dos valores étnicos e sócio-culturais dos seus países". Nesse sentido, o júri considerou que Malé Madeçu promove na sua obra "uma valorização do património cultural de S. Tomé e Príncipe", salientando que o livro premiado "constitui a memória da ruptura entre o império e a colónia". A obra +Retalhos do Massacre de Batepá+ possui "um grande valor como epopeia da resistência político-cultural, que alimenta o patriotismo das gerações jovens, geralmente desconhecedoras da sua própria história". No caso do romance "Baban - O Ladino", o júri entende que ele está "profundamente estruturado no sistema sócio-cultural de Cabo Verde", retratando "o problema da cidadania" no quadro da "conquista da liberdade democrática". Relativamente a esta obra, o júri destacou "a arquitectura do anti-herói e a interacção das personagens na codificação crítica da tragédia da seca em Cabo Verde". O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa à obra +Levélengué - As Gravanas de Gabriela+, do escritor são-tomense Natasha Lueje, pseudónimo literário de Joaquim Rafael Branco. O Prémio Sonangol de Literatura, que atribui 25 mil dólares ao vencedor, será entregue numa cerimónia a realizar em Luanda a 25 de Fevereiro de 2006, data do aniversário da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, patrocinadora deste prémio. Concorreram a esta edição do Prémio Sonangol 72 obras, mas apenas 32 foram seleccionadas para apreciação do júri, composto por três elementos de Angola, um de S. Tomé e Príncipe e um de Cabo Verde. O Prémio Sonangol de Literatura, instituído em 1993 para promover o trabalho dos escritores angolanos, foi alargado nas últimas edições a autores de Cabo Verde e de S. Tomé e Príncipe. Na próxima edição, que se realizará em 2010, este galardão será também aberto a escritores de Moçambique, Guiné-Bissau e Timor- Leste. |
LUSA - 22.08.2005