O presidente da RENAMO, o maior partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, considerou hoje a bandeira e o emblema nacionais "anacrónicos e símbolos do totalitarismo", defendendo a sua adaptação à "realidade política actual".
Dhlakama expressou "a posição oficial da RENAMO" a propósito do debate actualmente em curso sobre a alteração dos símbolos nacionais, reagindo a sinais de aparente recuo da FRELIMO, partido no poder, em relação à necessidade de adopção de uma nova bandeira e emblema do Estado.
O líder do maior partido da oposição sustentou que os actuais símbolos nacionais foram adoptados pela FRELIMO, no ano da proclamação da independência, em 1975, numa altura em que estava banida a existência de outros partidos, encontrando-se já desajustados, por força da introdução da constituição multipartidária de 1990.
"Os actuais símbolos nacionais são do tempo do partido único e do regime totalitário que a FRELIMO instalou logo após a independência e já estão desajustados à luz da mudança do sistema político introduzido com as eleições multipartidárias de 1994", acusou Afonso Dhlakama.
Dhlakama atacou especificamente a estrela incorporada na actual bandeira nacional, qualificando-a como um "decalque de mau gosto dos símbolos do extinto comunismo soviético".
O líder da oposição moçambicana referiu-se também à cor vermelha e à arma que integram a bandeira moçambicana, como "símbolos de má memória para os moçambicanos".
Afonso Dhlakama acusou as associações cívicas que nos últimos dias se têm manifestado contra as mudanças na bandeira e no emblema nacionais de serem manipuladas pela FRELIMO, partido que, disse, "está a sabotar o processo de alteração dos símbolos nacionais".
Depois de, na passada sessão legislativa, ter acordado com a RENAMO um programa de trabalho parlamentar para a alteração dos símbolos nacionais, a FRELIMO parece pouco interessada nesse exercício.
Recentemente, o co-fundador do partido no poder Marcelino dos Santos liderou uma marcha de jovens que se opõem à mudança da bandeira e do emblema, e outras figuras próximas da formação política no poder também se opuseram às alterações.
Sem um posicionamento favorável da FRELIMO, a alteração dos símbolos nacionais está à partida votada ao fracasso, por força da expressiva maioria que o partido no poder detém na Assembleia da República.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 24.08.2005