Edwin Hounnou - [email protected]
O primeiro secretário provincial da Frelimo em Sofala, Lourenço Bulha, não se conteve, foi acometido de tanta emoção que desatou a chorar, vertendo verdadeiras lágrimas não de crocodilo, como as que as autoridades nos habituaram a ver quando morre um artista que recusaram apoiar para salvar a vida, na presença de toda gente. Não é verdade que homem que é homem não chora como diz a canção de Lindomar Castilho, grande cantor popular brasileiro. Os grandes também choram quando as coisas que contemplam são feitas com esmero, beleza e mestria.
Eu vi com os meus próprios olhos, não me contaram, Lourenço Bulha a chorar. Foi bonito ver um homem de grande porte político a chorar, ao confrontar-se com realizações de grande vulto como a nova morgue que dignifica os mortos que antes eram sujeitos a passarem mal, mesmo depois de entregar a sua alma a Deus.
Já se pode morrer que o sofrimento termina mesmo aí.
Não entendemos a prior, as razões que poderiam ter levado a um homem daquela estatura política a chorar. Fui deduzindo as possíveis razões que poderiam ser como se olho lhe vier acontecer a si, seus parentes e amigos, ao menos tem um lugar condigno, de respeito e não será montado como se de lenha se tratasse. Uma outra razão talvez seja moralmente política, ao pensar que aquela acção poderia ter sido feita pela gente da Frelimo que perdeu muito tempo a enganar as pessoas.
Talvez por aperceber que se Davis Simango continuar com esta aceleração, com esse ritmo poderá dobrar a curva e não apanha-lo mais na luta pelo Xiveve que se vislumbra difícil para bulha e sua equipa embora não pare de declarar que vai recuperar os municípios que estão fora do controle da Frelimo. A recuperação da Beira seria um meio caminho andado para bulha ser ou ministro ou, no mínimo, governador provincial, a ser pela experiência do actual elenco de Guebuza que puxou os primeiros secretários para postos de governador.
Pergunto a Bulha os motivos de tanto choro em público e ele respondeu que não tinha chorado nada, que eu tivesse visto mal as coisas. São coisas de políticos, não gostam dessas intimidades.
Dizem, sim, quando querem dizer não e vice-versa. Mas ele, de facto, chorou quando invadido pela emoção. Nada tem de anormal. Todos podemos chorar quando nos acontecem coisas boas ou más.
Simango está lixado? Esperemos para ver pela batalha do Xiveve em 2007. Na Beira, o povo está experimentando um novo sabor de ser bem governado e dificilmente vai aceitar ter que voltar para um convívio forçado com lixo, buracos e imundície. Beira já deu pontapé na cólera desde que Xiveve foi limpo e deixou de ser lixeira sob o olhar cúmplice das autoridades municipais.
A TRIBUNAfax – 31.08.2005