KHOMALA!
Por Vasco Fenita
- (Cerca de 15.000 espectadores proporcionaram mais de 60 milhões de contos de receita no encontro entre Sporting de Nampula e Ferroviário de Pemba)
Quando o jogo chegou ao intervalo, com o “placard” ainda virgem, a azougada jovem-adepta-ferrenha do Ferroviário de Pemba, que se instalara num compartimento da tribuna, paredes meia com a cabine da comunicação social, apoiando freneticamente a sua equipa, exclamou alto e bom som para os circunstantes, maioritariamente sportinguistas:” O nosso curandeiro é mais poderoso que o vosso, e a nós o empate serve perfeitamente para ascender ao Moçambola!”
Entretanto, chegado ao termo do emocionante embate, com o triunfo alcançado “in extremis” pelos anfitriões, a buliçosa moça era a imagem acabada do desalento e da frustração. Cabisbaixa, soluçava convulsivamente. Parecia inconformada com o desabar estrepitoso e irredimível do sonho que ela e demais apaniguados acalentavam sôfregamente.
Afinal, a sensação de incapacidade denunciada pelo vovô nampulense na primeira metade do prélio (que a fervorosa adepta havia proclamado precipitadamente) acabou por esfumar-se, dando aso ao manifesto poderio, culminado com o apetecido triunfo( de uma bola sem resposta).E era, também, a confirmação do velho ditado que sustenta que “ri melhor quem ri no fim”. E o contraste esta patente nas bancadas literalmente pejadas do Estádio 25 de Setembro. Enquanto os “leões” festejam eufóricamente o triunfo, os “locomotivas” que, em desusados magotes ,invadiram a capital de Nampula, mergulhavam em profunda decepção. Aliás, Mahomed Galibo, delegado da TVM em Cabo Delgado e amigo de há longa data, advertiu-me que os “locomotivas” pembenses acreditavam firmemente na hipótese dum desfecho airoso neste confronto a fim de pôr termo à sua prolongada e angustiante travessia no deserto do futebol nacional.
E como decorreu o jogo propriamente dito? Indargar-me-ão os leitores que, eventualmente, não integraram os cerca de quinze milhares de espectadores que proporcionaram a alentadora maquia de mais de sessenta milhões de contos. Sintetizando, direi que, à excepção do quarto de hora inicial e da derradeira meia hora, em que os visitados usufruiram de nítido ascendente, o desafio caracterizou-se por uma toada de equilíbrio territorial. Com situações de golo iminente a alternarem-se numa e noutra baliza. Em jeito de pingue-pongue. Bola cá, bola lá. Mau grado a clamorosa ineficácia na concretização denunciada por ambos os sectores ofensivos.
Que dizer do penalte que ditou a sorte do jogo e desencadeou veemente contestação forasteira? Na minha opinião, foi algo forçado, uma maquinação engenhosa do árbitro, à laia de compensação dos dois anteriores que havia escamoteado escandalosamente. O juiz da partida com a referida habilidade quis, então, escrever direito por linhas tortas (como sói dizer-se)...
Agora, resta apenas aguardar (sem excesso de optimismo) que ,na próxima jornada, o Sporting vá a Montepuez e ante o Atlético local consiga o almejado “passaporte” para o Moçambola da próxima época. Aliás, esse foi também o voto formulado pelo governador da província de Nampula, Filipe Paúnde, aquando da vitória dos “leões” sobre o Ferroviário de Pemba.
WAMPHLULA FAX – 06.09.2005