O presidente do Partido Socialista (PS) português, António Almeida Santos, manifestou hoje o desejo de ver encerradas as negociações entre Portugal e Moçambique sobre a questão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, que, assegurou, está a acompanhar "atentamente".
"Estou atento e como pessoa ligada a Moçambique gostaria que [as negociações entre Portugal e Moçambique em torno da reversão do empreendimento] chegassem a um acordo", disse em Maputo.
O líder do PS confirmou o interesse da Geocapital, empresa associada ao magnata chinês Stanley Ho, em investir na agro-indústria no Vale do Zambeze, centro de Moçambique, onde está localizada a HCB, mas recusou que esteja no país para tratar de assuntos ligados à barragem.
"Estamos a estudar hipóteses de desenvolvimento no Vale do Zambeze, sobretudo a partir do momento em que os caminhos-de-ferro forem restabelecidos", assegurou.
O estudo de viabilidade em torno do investimento da Geocapital no Vale do Zambeze é coordenado por Ferro Ribeiro, que também se encontra de visita àquela região moçambicana.
Ainda a propósito da HCB, Almeida Santos disse que a Geocapital está interessada em ajudar na resolução do diferendo, mas, sublinhou, "caso haja uma solicitação" dos governos ou "depois de os dois chegarem a um entendimento".
Moçambique reclama a inversão da estrutura accionista da HCB, em que de têm apenas 18 por cento, enquanto Portugal controla os restantes 82 por cento.
As negociações entre os governos de Lisboa e Maputo têm encalhado na dívida de 1,8 mil milhões de euros reclamada por Portugal pelos custos de construção e de manutenção do empreendimento.
As sucessivas mudanças de Governo em Portugal, desde a demissão do ex-primeiro-ministro António Guterres, em 2002, e a mudança de Governo em Moçambique também têm tornado difícil a conclusão das negociações entre os dois países sob re a HCB.
O líder do PS chegou quarta-feira a Maputo para participar numa série de eventos alusivos ao 10º aniversário do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Moçambique (ISPU), onde vai proferir hoje um discurso sobre "a importância das Universidades na sociedade" no jantar de gala por ocasião do aniversário da instituição.
Almeida Santos fará também o elogio académico relativo à atribuição da "cátedra de gestão de conflitos internacionais" ao antigo presidente moçambicano , Joaquim Chissano pelo ISPU.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 23.09.2005