BOANE – Um grupo de comerciantes na vila do distrito de Boane, província de Maputo, a 30 Km da cidade capital, em contacto com o A TribunaFax acusam os refugiados burundeses de nas suas actividades comerciais praticarem preços baixos, naquilo que consideram de atropelo às normas comerciais legisladas pela administração local.
“Desde que os burundeses passaram a praticar a actividade comercial, aqui em Boane há disparidades na marcação de preços. Nós praticávamos quase os mesmos preços, mas, agora tudo mudou e sentimo-nos sufocados” queixa-se Jorge Mudlovo, proprietário de uma loja sublinhando que eles inundaram o mercado e praticam preços de promoção todos os dias, e nós ficamos sem clientela”, queixa-se.
Por seu turno Margarida Ubisse, exploradora de uma banca no mercado da vila de Boane, disse que com os burundeses a praticarem actividades comerciais em Boane, a sua receita caiu drasticamente . “Agora não vendemos nada porque os burundeses inundaram a vila de Boane, já reclamamos muitas vezes ao governo distrital e nunca resolveu este problema” queixou-se.
Ubisse, disse ainda que os burundeses vendem um pouco de tudo, desde vestuário até géneros alimentícios “eles quando chegaram disseram que vinham se esconder da guerra, mas acabaram tomando de “assalto” a vila ante o olhar das autoridades e muito deles já mudaram de nacionalidade. Casaram e compraram casas e terrenos em Boane, fizeram lojas de contentores e mercearias” esclarece Ubisse.
Entretanto, o substituto do administrador de Boane, Leonardo Langa desmente que os burundeses estejam a atropelar as regras comerciais pois, segundo ele, estão a praticar um comércio legal, além de gozar de estatuto de refugiado protegido por lei.
“Não é verdade que os comerciantes e revendedores locais são sufocados pelos burundeses. A maior concentração da população do distrito de Boane está na sede, razão pela qual o comércio é agressivo, explica, avançando que “eles buscam os produtos em diferentes armazéns em Maputo, chegados aqui, logicamente que o preço a praticar também é diferente”, disse sublinhando que os preços são controlados através da direcção do comércio que faz a inspecção dos preços”.
Langa, não precisou o número de burundeses que vivem em Boane e que estão licenciados para desenvolver a actividade comercial. Mas confirmou que muitos deles já não vivem no centro de refugiados. “ A maioria deles, habitam em casas de aluguer e, não é verdade que tenham comprado casas, terrenos, pois a administração ainda não assinou nenhum documento para esse efeito”, defendeu-se.
Num outro contexto, abordamos Langa sobre a recém terminada campanha de vacinação, tendo dito que o sector da educação conseguiu cumprir com a meta ao vacinar cerca de 19 mil crianças via escola. E para se alcançar esta cifra, contou-se com a colaboração dos pais e encarregados de educação e população em geral”.
Falando da problemática da seca que assola alguns povoados de Boane, Langa disse que o distrito não constitui excepção do que se passa na província de Maputo.
Para sobrevivência, os agricultores baseiam-se na prática de culturas que resistem à seca como mandioca e batata-doce. A última campanha está perdida principalmente em Mulotane, Eduardo Mondlane” disse explicando que os povoados de Manguiza, 25 de Setembro e Massaca, safaram-se dos efeitos da seca porque beneficiam-se dos sistemas de regadio da Barragem dos Pequenos Libombos. O distrito de Boane, possui 80 milhabitantes. (Cláudio Saúte)
A TRIBUNA – 12.09.2005