Apresentou queixa ao Procurador-geral da República
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, acusa as instituições do Estado e em particular a Polícia e os Tribunais de estarem «ao serviço da FRELIMO» (Frente de Libertação de Moçambique) no poder desde a independência.
Dhlakama teve na passada sexta-feira um encontro com o Procurador-geral da Republica, Joaquim Madeira para «denunciar as ilegalidades que estão a ser cometidas em Macímboa da Praia», província de Cabo Delgado.
O líder da RENAMO disse ter recebido garantias de que a PGR estava a estudar o dossier dos militantes e simpatizantes do principal partido da oposição detidos na sequência das sangrentas manifestações de 5 e 6 de Setembro em Mocimboa da Praia.
«Eu disse a Madeira que nem valia a pena estudar o caso porque as coisas são claras. Foi uma emboscada da FRELIMO aos membros da RENAMO em que foram detidos apenas membros da RENAMO», afirmou Dhlakama numa entrevista ao diário «Mediafax» de Maputo.
Segundo Dhlakama foi «uma brincadeira de mau gosto» que prova que «a Policia reprime como órgão do partido, não do Estado. Os órgãos do Estado não são independentes em relação a Frelimo e assim não há democracia».
Pelo menos três dezenas de membros e simpatizantes da Renamo continuam detidos em Mocimboa da Praia na sequência dos confrontos que causaram 12 mortos, mais de 50 feridos e a destruição de uma centena de habitações.
O Governo moçambicano acusou a RENAMO de ser responsável pelos incidentes, que tiveram como origem a rejeição, pelo partido de Dhlakama, dos resultados das eleições municipais nesta localidade, que deram a vitória ao candidato da FRELIMO.
A CNE rejeitou os recursos da RENAMO, alegando falta de provas, e a oposição anunciou que iria empossar uma câmara paralela, presidida pelo seu candidato.
Na sequência das detenções dos seus militantes, a RENAMO tinha anunciado a realização de manifestações de protesto em todo o pais «de uma magnitude nunca vista».
O líder da RENAMO pôs água na fervura negando ter a intenção de recorrer a violência para resolver o diferendo.
«Nós somos verdadeiramente democratas e iremos tentar de resolver os nossos problemas de forma pacífica. Por isso fui ter com o PGR. Precisamos de continuar a fazer pressão junto dos órgãos que temos» disse Dhlakama ao Mediafax .
Nicole Guardiola - EXPRESSO ÁFRICA - 21.09.205