MAPUTO- O Ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, insurgiu-se contra o Programa Mundial de Alimentação (PMA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Banco Mundial (BM), por, segundo ele, não acreditarem nas capacidades do empresariado e técnicos nacionais.
Zacarias, que falava ontem durante a cerimónia de entrega das bombas de água-carrocel à Escola Primária de Intaka, na Matola, reagia a decisão tomada pelos financiadores e mentores do projecto “Escolas Florescentes”, que adjudicaram a montagem e manutenção das 60 bombas a serem instaladas na zona Sul, no âmbito deste projecto, à empresa sul-africana Roundabout.
“Gostaria de ver moçambicanos na montagem e manutenção destas bombas. Essa coisa de importar técnicos de manutenção de bombas de água, eu não estou de acordo”.
“Recebemos com duas mãos o vosso apoio, mas gostaríamos de ver a manutenção das bombas entregue à empresas moçambicanas. Isso de que a manutenção deve ser na África do Sul, nós dizemos não”, disse Zacarias.
Para o titular da pasta das Obras Públicas e Habitação, não interessa ter 60 bombas espalhadas pelo país,
para depois de algum tempo não haver nenhuma em funcionamento porque a sua manutenção depende de técnicos estrangeiros, quando “os moçambicanos têm capacidade para efectuar aquele trabalho”.
A representante do PMA em Moçambique, Ângela Van Rynbach, disse, na mesma ocasião, que as bombas carrossel fazem parte de um programa mais amplo, denominado Escolas em Florescimento iniciado com uma doação de 444 mil dólares norte americanos, e visa fornecer água potável e saneamento a 60 escolas nas zonas rurais de Moçambique. “Na primeira fase serão instaladas 30 bombas-carossel em escolas primárias das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, e nas províncias de Manica e Sofala serão instaladas 30
bombas manuais convencionais”, disse.
“O acesso à água potável e saneamento é um factor decisivo para manter as crianças nas escolas e ajudá-las a aprender num ambiente saudável”, disse a representante do UNICEF, Leila Pakkala, para de seguida acrescentar que “esta bomba de recreio é uma solução singular para os problemas de abastecimento de água no campo. É uma maravilha ver crianças a brincarem com uma bomba carrossel e ao mesmo tempo servindo a comunidade”.
De acordo com a representante do PMA em Moçambique, esta organização participa no fornecimento de lanche escolar, no programa Comida pelo Trabalho e, no presente ano, cerca de 580 mil pessoas, na sua maioria crianças em idade escolar e órfãs, vão beneficiar do apoio desta organização.
(Cláudio Saúte)
A TRIBUNA – 13.09.2005