(Beira) O "vt" presenciou no passado fim-de-semana cidadãos a serem
molestados no populoso bairro da Munhava, arredores da segunda maior cidade
de Moçambique, Beira, alegadamente por não possuírem documentos de
identificação. Dentre os cidadãos molestados e interpelados pela Força de
Intervenção Rápida (FIR), contava-se uma senhora aparentando ser uma
indigente que recebeu duas "eufóricas chambocadas".
A maioria dos residentes da Munhava são citadinos provindo em resultado da
guerra dos 16 anos que terminou em 1992 com a Assinatura do Acordo Geral de
Paz (AGP) e consequentemente é desprovida de documentos de identificação,
pese embora como sói se dizer não tem providência em matéria de Registo
Civil.
O bairro, considerado o mais populoso da cidade da Beira, é tido como um dos
"bastiões" da Renamo União Eleitoral (RUE) e de que os moradores são
rebeldes.
Assim, a incursão da FIR, acompanhada de elementos da Polícia da República
de Moçambique (PRM), foi bastante contestada pela opinião pública beirense
ouvida pelo "vt".
"Sabemos que há muita criminalidade no bairro, mas deviam primeiro saberem
quem é quem, pois não é crime não possuir um Bilhete de Identidade(BI). Isso
vai atiçar ainda mais a revolta que temos pela condição de vida em que
vivemos", desabafou uma cidadã, residento na zona do mar.
De recordar que aquando da campanha para as III Eleições Gerais realizadas
nos dias 1 e 2 de Dezembro último, o Presidente da RUE, Afonso Dhlakama
apelou para que os citadinos da Munhava procedessem o seu registo civil,
pois não obstante o apoio massivo que detinha, a RUE observava que
contrariamente às experiências anteriores, o número de votantes naquela zona
era inferior por causa da falta de documentos de identificação.
(Amin Nordine) - VERTICAL - 31.08.2005