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http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/08/homenagem_prest.html
Notícia publicada hoje(na 1ª página e à esquerda), pelo Semanário O INDEPENDENTE, e a resposta de Manuel Ferreira à mesma:
Portugal homenageia Apartheid
Embaixada em Pretória esteve representada numa homenagem a três mercenários portugueses que combateram pelo Apartheid. Entre os quais um ex-agente da PIDE
Francisco Teixeira
e Mónica Moniz Ribeiro
O Estado Português esteve oficialmente representado numa cerimónia de homenagem a um grupo de mercenários do antigo Batalhão Búfalo, a unidade militar de elite utilizada pela África do Sul para sustentar o regime racista do! Apartheid. Entre os três portugueses distinguidos está um antigo agente da PIDE-DGS.
As explicações das partes envolvidas não coincidem. O Ministério dos Negócios Estrangeiros "desconhece" a presença de representantes portugueses nesta cerimónia e o embaixador português em Pretória garante que foi surpreendido pela notícia "quando regressava de férias da Grécia", mas a verdade é que chegou um convite oficial à embaixada e Portugal fez--se representar pela chefe da chancelaria, Margarida Rosas de Oliveira. Mais. A diplomacia portuguesa entregou uma coroa de flores em nome de Portugal para se associar ao evento.
Homenagem aos mortos. Este episódio começou quando a embaixada portuguesa foi contactada por um ex-membro do Batalhão Búfalo, colega dos homenageados e promotor da iniciativa. Perante a indisponibilidade de agenda do embaixador, foi dito a Manuel Ferreira que Portugal seria representado por Margarida Rosas de Oliveira, chefe da chancelaria da embaixada. Ou seja: Portugal acedeu a participar na cerimónia, de forma oficial e com uma coroa de flores.
A homenagem aos três militares portugueses que estiveram ao serviço do regime do Apartheid decorreu em Pretória no dia 23 de Agosto. Cenário: o cemitério de Thaba Tshwane. Fritz Loots, ex--comandante das unidades especiais que combateram em Angola e no Sudoeste Africano (Namíbia), descerrou a lápide negra onde foram inscritos os nomes dos três portugueses. Por um lado, para prestar um tributo ao desempenho de Francisco Daniel Roxo, José Correia Pinto Ribeiro e Ponciano Soeiro (ex-agente da PIDE-DGS), mortos em combate na década de 70. Por outro lado, para lhes "dar um tratamento à altura" com a trasladação dos corpos, que se encontravam em campas rasas e sem qualquer inscrição.
Batata quente. Contactado pelo Independente, o embaixador português em Pretória, João Barbosa, confirmou a presença da funcionária consular, mas garante que não foi "previamente consultado" para conceder a devida autorização hierárquica para que participasse na cerimónia.
Caso tivesse sido, o representante de Portugal na África do Sul "teria que ponderar a presença" e "informar o Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de tomar uma decisão".
João Barbosa garante ainda que não se tratou de uma cerimónia de homenagem aos três portugueses. Tese desmentida pelo próprio organizador do evento. Manuel Ferreira, ex-membro do Batalhão Búfalo, confirmou ao Independente o carácter da cerimónia: "Eram profissionais exemplares que estavam maltratados" e que mereciam ser "enaltecidos" e "devidamente homenageados".
O QUE ERA O BATALHÃO BÚFALO
>> É também conhecido por Batalhão 32. Trata--se de uma antiga unidade de elite da África do Sul criada em 1975 para defender o regime racista do Apartheid. Foi utilizado em diversas frentes de combate externas para aniquilar os movimentos marxistas na África Austral. Casos de Angola e Namíbia.
Na sequência da vitória do M P LA na guerra civil angolana, os combatentes derrotados refugiaram-se numa região do Sudoeste Africano. Nessa altura, o coronel sul-africano Breytenbach contratou-os para formar uma unidade de elite composta por militares angolanos, ingleses, portugueses e norte--americanos. Todos eles mercenários ao serviço do governo sul-africano do Apartheid. O Batalhão Búfalo acabou por ser dissolvido em 1993, depois de ter sido rejeitada a sua presença na "nova África do Sul", renascida com a libertação de Nelson Mandela e o fim da discriminação racial.
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A resposta esclarecimento de Manuel Ferreira:
Manuel de Resende Ferreira
P.O.Box 9001
Centurion
0046
África do Sul
E-mail: [email protected]
Centurion,9 de Setembro de 2005
Por direito, venho responder ao vosso artigo, publicado hoje, dia 9 de Setembro, na Secção Política e sob o título "Portugal homenageia Apartheid". É um artigo maldosa e vergonhosamente deturpado, com falsas afirmações --- um artigo que não merece qualquer crédito, mas merece o meu direito à resposta.
Chamo -me Manuel de Resende Ferreira, fui um dos organizadores do evento, não sou, como afirmam, ex-membro do Batalhão Búfalo ( mas este artigo está cheio de mentiras!...) sou ex-militar das Forças Armadas Sul Africanas.
Neste evento de carácter singelo e muito sentido, não só foi prestada homenagem a três valorosos combatentes como e principalmente dar-lhes aquilo que ainda não lhes tinha sido dado e que qualquer ente merece quando deixa de viver, pedir religiosamente e com fé a paz das suas almas.
Por que se tratavam de Portugueses valorosos e condecorados anteriormente pelo o Exército Português a Embaixada Portuguesa por nós convidada, fez-se representar pela secção Consular com tal dignidade que sentimos Portugal connosco. Tratavam-se de três compatriotas. Entre os convidados encontravam-se também membros das Forças Armadas Sul Africanas alguns ainda no activo e alguns, também, não de raça branca.
Onde estão os portugueses que foram vendidos e abandonados em África? Já se esqueceram? Para alguns a memória é curta, para mim não. Olhem que os vendilhões da Pátria ainda estão no activo. Um deles, velho e gágá, volta a candidatar-se à Presidência da República.
Sou Português, não sou Luso-descendente. Foi em África que nasceu o sol do meu primeiro dia, sob a bandeira das Quinas. Ainda miúdo com os meus pais e irmãos, depois de vendidos e abandonados, fomos acolhidos pela África do Sul. Abandonados foram também aqueles valentes condecorados soldados Portugueses.
Nós os acolhidos por este País, aos milhares, ao atingirmos a idade militar, fomos obrigatoriamente chamados a cumprir o Serviço Militar, o que fizemos com orgulho sem sermos mercenários. E, como ao serviço do apartheid? se servimos lado a lado com negros nas trincheiras!
Não houve só um Vasco da Gama, um Pedro Alvares Cabral ... felizmente houveram muitos, exemplo:
Daniel Roxo chefe das Milícias no Niassa, condecorado pelo Exército Português com a Cruz de Guerra e a medalha de Serviços Distintos. José Correia Pinto Ribeiro, Sargento Para- Quedista Português e mais tarde membro dos GEPs ( Grupos Especiais Para-Quedistas) em Moçambique. Ponciano Soeiro ex agente da DGS em Angola ( Defensor da Portugalidade em África) e posteriormente como os outros dois colegas, Operador Especial das Forças Especiais Sul Africanas.
A imprensa Sul Africana quase de norte a sul, reagiu positivamente a esta homenagem prestada aos nossos compatriotas, que for falta de espaço a que não tenho direito aqui não transcrevo os seus artigos.
Tarda infelizmente em aparecer novos Mouzinhos de Albuquerque, Paivas Couceiros, Artur Paivas mas proliferam, infelizmente, Migueis de Vasconcelos. Judas também não houve só um, como no vosso artigo vende-se a alma da Pátria por dinheiro, pelo artigo sensação ...
A nossa velha, ensolada Pátria Portuguesa está doente, doença virulenta, purulenta, a cheirar mal por todos os poros. Vendida, esquartejada, apenas lhe resta um pequeno rectangulo de areia e telhas já quase sem arvoredo ...
Mas que grandes homens foram estes três que depois de mortos há quase trinta anos fazem estremecer tanta gente!...
Manuel de Resende Ferreira 1º Sargento das Forças Armadas Sul Africanas (Reformado)