MAPUTO – O banimento das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) de sobrevoar o espaço aéreo francês, veio dar azo aos funcionários desta companhia, que preferindo falar na condição de anonimato, afirmam que a administração daquela companhia aérea, no seu pronunciamento, omitiu a verdade.
“No seu pronunciamento a LAM omitiu a verdade”, denuncia um grupo de funcionários desta companhia em contacto com o A TribunaFax. “A nossa chefia fez ouvido de mercador, pois conhecia os problemas da segurança da Transairways”, afirmam.
Para sustentar suas declarações, as fontes contam que em tempo, a auditoria da LAM, através do Controle de Qualidade (CQ), tinha banido os voos da Transairways depois de inspeccionar os aviões e detectar irregularidades graves.
“A Administração da LAM recebeu o relatório da equipa de (CQ), um documento nada abonatório sobre a segurança dos aviões da Transairways, mas a direcção técnica fezouvido de mercador, e no espírito d “deixa andar”, deixou que as coisas andassem até sermos humilhados ao ponto de a nossa companhia integrar numa lista negra das que estão banidas de sobrevoarem o espaço aéreo francês”, lamentam.
Explicam ainda que a falta dos coletes dentro do avião, significa que a aeronave não existe. Ademais, um piloto que não leva sua licença na mala, significa que não é piloto. “E neste caso, o colete salva-vidas é um equipamento crucial visto que o avião sobrevoa o Oceano Indico. Aqui está uma das fortes razões de se ter os coletes salva-vidas dentro dos prazos estabelecidos”.
Prosseguindo, reiteram que um avião antes de descolar faz a inspecção Pré-fly, onde se verifica o equipamento a bordo se está em condições de ser usado. Faz ainda o check-in da documentação a bordo.
“Como se explica que não se tenha detectado estas anomalias? – interrogam e prosseguem – o que aconteceu com os tripulantes?”- insistem.
Em parte culpam as autoridades aeronáuticas das Ilhas Mayotte, que embora tenham detectado irregularidades, deixaram o avião descolar com todos riscos possíveis. “As autoridades aeronáuticas das Ilhas Mayotte deveriam ter retido o avião. E a não fazerem, cometeram um erro”, dizem apelando em seguida para que quem de direito investigue o caso e traga os resultados ao conhecimento público, bem como responsabilizar os autores que mancharam a dignidade dos moçambicanos.
Num breve contacto via telefónico, o administrador Técnico da Área Operacional da LAM, o comandante João de Abreu disse que não depende da auditoria da placa para que as companhias assinem contratos de prestação de serviço entre elas. “Há uma série de condições, que incluem uma auditoria de toda uma companhia e não uma auditoria da placa”, defendeu-se Abreu declinando dar mais pormenores à volta do assunto.
Questionamo-lo se os vários incidentes da Transairways não estariam por detrás da decisão das autoridades francesas, ao que respondeu “esses incidentes são da responsabilidade da própria companhia. “Por favor entre em contacto com os responsáveis da Transairways”, disse desculpando que naquele momento estava no hospital.
Consta no entanto, segundo as fontes que a Transairways tem um quadro negro, pois já teve vários incidentes, como por exemplo, o acidente que ocorreu na província de Inhambane, outros nos arredores de Maputo e na cidade da Beira (aterragem forçada).
“Além destes, foi reportado que a Transirwarys transportou caixas de droga de Dar-es-Salam para Pemba e não se sabe quem é o dono. Isto é impossível porque existe cartas de porte que acompanham toda documentação do avião”, denunciam.
A este respeito, tentámos ouvir o Director Comercial, Dr. Adérito que também declinou prestar qualquer informação. “temos um porta-voz na companhia. Ademais, existe a própria direcção da Transairways, entrem em contacto com ela”.
No hangar desta companhia, um funcionário que não quis se identificar, disse que “a direcção está de viagem.
Quem pode responder essas questões é o director Gonçalves ou o director Cachopas. Mas eles não estão cá em Moçambique.
TRIBUNA – 12.09.2005