O Presidente da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, afirmou hoje em Maputo que "o país está a regressar a um passado marcado por perseguições aos membros da oposição".
Dhlakama pronunciou-se nesses termos, após um encontro com o presidente da Assembleia da República de Moçambique, Eduardo Mulémbwe, com quem falou sobre a situação política do país, nomeadamente os confrontos ocorridos há duas semanas no município da Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, que provocaram oito mortos e cerca de 50 feridos.
A violência em Mocímboa da Praia foi desencadeada por escaramuças entre membros da RENAMO e simpatizantes da FRELIMO, partido no poder, depois da oposição ter empossado, em cerimónia paralela, o candidato derrotado nas eleições intercalares para a presidência daquela autarquia da província de Cabo Delgado.
"Expressei ao presidente da Assembleia da República a minha preocupação sobre a actual situação política e disse-lhe que o país está a regressar ao passado de 1975", enfatizou Afonso Dhlakama.
Dhlakama referia-se ao regime de partido único imposto pela FRELIMO, logo que esta força política proclamou a independência do país de Portugal, em 1975.
O líder da oposição referiu-se a alegadas detenções sem culpa formada, assassínios e exclusão social de membros da oposição, como exemplos de que o país está a passar por uma situação de "défice democrático, especialmente ao nível da administração da justiça".
Evitando referir-se às acusações de Afonso Dhlakama, o presidente da Assembleia da República, da bancada maioritária da FRELIMO, elogiou, falando à imprensa, o compromisso do presidente da RENAMO em manter a paz no país.
"Foi muito importante que o líder da RENAMO se tenha comprometido com a paz, que tenha garantido que o país não irá voltar à guerra", frisou Eduardo Mulémbwe.
O encontro com Mulémbwe segue-se às reuniões que o líder da oposição manteve com o Procurador Geral da República, Joaquim Madeira, e com o presidente do Conselho Constitucional (CC), Rui Baltazar, estando também previsto um encontro com o presidente do Tribunal Supremo, Mário Mangaze.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 22.09.2005