Beira: Cidade de Futuro
Por: Noé Nhantumbo
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O modo como nos confrontamos ou colocamos as questões que aparentemente nos separam determina um conjunto de situações que ocorrem no nosso país.
Existe uma tendência grave de certos sectores políticos com responsabilidades na condução dos destinos de Moçambique se esquecerem que a estabilidade política é a mãe de qualquer “pretensão” de melhorar a vida da grande maioria dos moçambicanos.
É fácil promover agendas obscuras e colher dividendos mas as consequências do que se faça, sobretudo se não tiver em conta os ditames da razão, da razoabilidade e da responsabilidade histórica inalienável para com os governados podem ultrapassar rapidamente o esperado ou o desejado.
A cultura política e a coabitação entre oponentes políticos são considerações de extrema importância num mosaico democrático como o que está em construção neste país. Existem saudosistas de todo o tipo e tendência.
Há os que pretendem ver o regresso a um passado que todos devemos recusar. As limitações próprias e características de um processo democrático não devem criar dúvidas de que este sistema é o melhor para todos.
Estamos numa daquelas situações históricas que exigem políticos visionários dispostos a fazer valer o preceituado pela tolerância política e com uma inquebrantável vontade de respeitar os direitos dos moçambicanos para além dos limites estreitos que por vezes a disciplina partidária possa impor.
Os ganhos com uma situação de estabilidade governativa e política, com os diferentes poderes democráticos efectivamente separados e com cada um operando no seu domínio superam o que se possa perder de prerrogativas, privilégios ou vantagens aparentes ou ilusórias.
Há conjuntos complexos de interesses que exercem um poder indisfarçável no país. Mas o que o povo deste país pede aos seus diferentes políticos é que eles aprendam rapidamente a tolerarem-se de modo a se ultrapassar definitivamente o aparente estado de “Paz Podre” em que se vive.
Moçambique merece um tratamento adequado dos seus políticos. Há que dar a devida atenção aos problemas das populações, mas há que também ter uma
atenção especial com os oportunistas de todos os quadrantes, pois mesmo quando nos esquecemos, eles existem e estão em constante acção. As suas agendas são o que por vezes faz perigar o edifício democrático que se pretende construir.
Penso que é altura dos amantes deste país cerrarem fileiras e esquecerem o antagonismo que por vezes caracteriza as suas relações e todos abraçarem a causa nacional. E a causa nacional é a Paz. Paz em que nos respeitamos activamente. Não há moçambicanos superiores e outros inferiores.
O que cada um diz e pensa é digno de ser ouvido, escutado, respeitado e tomado em conta. A multiplicação de situações de violação da lei, de imposição de decisões consideradas duvidosas e o sucesso que muitas vezes tem aqueles triunfam com base em esquemas “legalistas” não ajudam a concórdia, nem o estabelecimento da confiança necessária entre as partes para um arranque decisivo rumo a um futuro mais risonho para os nossos filhos.
A TRIBUNA – 12.09.2005