O governo moçambicano defendeu quinta- feira em Maputo mais investimentos na agricultura do país para o aproveitamento da terra arável, dado que apenas 14 por cento dos 36 milhões de hectares disponíveis são utilizados.
Falando num encontro organizado pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura (FAO) sobre a "Fortificação das Estatísticas Agrárias", Domingos Diogo apontou a formação o desenvolvimento tecnológico na agricultura, como alavancas para aumentar o potencial de terra arável de que Moçambique dispõe.
Dotar os agricultores de mais conhecimentos no seu campo de trabalho, com vista a uma maior produtividade, pode também levar a um maior aproveitamento da terra em Moçambique, acrescentou Diogo, coordenador da Comissão das Estatísticas Agrárias e Alimentares de Moçambique.
O governo da FRELIMO, que proclamou a independência de Moçambique em 1975, consagrou constitucionalmente a terra como propriedade estatal, retirando grandes reservas a ex-colonos portugueses, mas não conseguiu alargar o seu aproveitamento agrícola, devido, ao êxodo do campo para as cidades, na sequência da guerra civil que afectou o país ao longo de 16 anos.
Apesar da proibição legal, o negócio da terra está a florescer no país, principalmente, na periferia das grandes cidades, alimentando debates sobre a possibilidade uma nova lei que preconize a colocação da terra no mercado.
O facto de a terra não pode ser usada pelos camponeses como garantia bancária, precisamente por ser propriedade do Estado, é encarado como uma das razões para a relutância dos bancos em financiar o sector agrícola do país.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 21.10.2005