O director da Cadeia Central de Maputo, Jorge Micross, foi baleado mortalmente na noite de sexta-feira na zona dos Pequenos Limbombo, arredores da capital moçambicana, revelou fonte policial.
O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Arnaldo Chefo, referiu apenas que o responsável pela principal penitenciária de Moçambique foi assassinado a tiro por quatro indivíduos que estão ainda a monte, mas escusou-se a avançar com mais detalhes.
"Confirmo que o director da cadeia central de Maputo foi baleado, mas ainda não posso adiantar mais dados porque estamos a trabalhar", disse o porta-voz da PRM.
Segundo o jornal Notícias, de Maputo, o matutino de maior circulação de Moçambique, na altura da ocorrência, Micross estava acompanhado na sua viatura por três pessoas a quem tinha acabado de dar boleia.
Estes acompanhantes saíram ilesos do tiroteio desencadeado pelos quatro homens que seguiam numa outra viatura.
Micross foi nomeado director da Cadeia Central de Maputo no início deste ano e, segundo a imprensa moçambicana, vinha sofrendo ameaças directas de morte.
Após a sua nomeação como director daquele estabelecimento prisional, Micross denunciou, em declarações à Lusa, a existência de uma "rede corrupta" no interior da prisão, ameaçando funcionários de destituição e sua substituição por um contingente de 500 novos guardas.
"Há uma rede muito grande composta por funcionários que me querem ver destituído, mas não vou vergar, porque o meu objectivo é acabar com actos corruptos e trabalhar no sentido de reeducar os presos, de modo a se reintegrarem na sociedade", disse.
"Os actuais guardas são propriedade privada dos funcionários corruptos, que vivem de favores dos reclusos", acrescentou, nas suas declarações à Lusa em Março deste ano.
A cadeia central de Maputo tem sido palco nos últimos anos de várias fugas de reclusos, com destaque para a dupla evasão, em 2001 e 2004, de Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), condenado como chefe da quadrilha que assassinou o jornalista moçambicano Carlos Cardoso, em Novembro de 2000.
Anibalzinho, portador de passaporte português, encontra-se novamente detido na BO, aguardando a repetição do seu julgamento, marcada para o próximo mês de Dezembro.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 22.10.2005