A Associação das Companhias Aéreas Africanas (AFRAA) pediu à União Africana para banir a importação de aviões com mais de 20 anos de existência, para diminuir o risco de acidentes aéreos no continente.
Falando numa conferência de imprensa em Maputo, o secretário- geral da AFRAA, Christian Folly-Kossy, assegurou que esta organização "escreveu" ao presidente da Comissão da UA, Alpha Konaré, a sugerir- lhe que promova junto dos chefes de Estado o fim de aviões de "gerações velhas" do espaço aéreo africano.
"Achamos pertinente que os chefes de Estado africanos aprovem uma resolução a banir a importação de aviões com mais de 20 anos do espaço aéreo africano, pois têm sido responsáveis pela maioria dos acidentes aéreos que acontecem no continente", sublinhou Kossy.
A título ilustrativo, o secretário-geral da AFRAA afirmou que o continente registou no ano passado 11 acidentes aéreos envolvendo aviões russos com mais de 22 anos de fabrico, todos em países em situação de guerra.
"As estatísticas são claras, os acidentes aéreos em África estão relacionados com aviões de gerações mais velhas e usados para fins militares", sublinhou Christian Folly-Kossy.
Kossy acrescentou que o banimento vai também tirar argumentos aos que consideram as companhias aéreas africanas não são seguras, "acusações várias vezes motivadas por estratégias de concorrência".
"Quando acontece um acidente em África corre-se logo a dizer que aqui não há segurança, não se averigua sequer que tipo de avião e onde é que ocorreu o desastre, mas quando acontece com uma companhia ocidental comenta-se o acidente por dois segundos e está tudo ultrapassado", acusou o secretário-geral da AFRAA.
Christian Folly-Kossy rejeitou também os critérios usados pelos Estados ocidentais, para a proibição de companhias aéreas que alegadamente não oferecem segurança, qualificando-os como "injustos".
Dando como exemplo o banimento em Agosto último das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) pela aviação civil francesa, Kossy considerou "desonesta" tal decisão, sustentando com o facto de o aparelho que deu origem à medida não ser da companhia de bandeira de Moçambique.
"O avião em que foram detectados os problemas não é da LAM, e, por outro lado, o mesmo aparelho está registado na Suazilândia, mas nem a proprietária da aeronave nem a Suazilândia estão na lista negra da aviação civil francesa", sublinhou Christian Folly-Kossy.
As autoridades aeroportuárias francesas integraram a LAM na lista negra das operadoras banidas do espaço aéreo francês, depois de terem detectado falhas na rampa de voo na aeronave de uma companhia que explorava em "franchising" com a LAM a rota para Mayottes, um domínio francês ao largo do Indico.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 18.10.2005