Estudantes da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), o maior estabelecimento de ensino superior em Moçambique, paralisaram hoje aulas em todas as faculdades em protesto contra o novo regulamento de bolsas de estudo concedidas pelo Governo moçambicano.
Na origem dos protestos, está a recusa dos estudantes em aceitar o novo regulamento de bolsas, que, entre outras exigências, impõe o abandono dos lares estudantis e o corte do subsídio aos alunos que reprovarem uma disciplina.
Os grevistas reivindicam igualmente a prorrogação da bolsa por mais seis meses, depois dos cincos anos de duração dos cursos leccionados na UEM, para que os estudantes tenham condições de elaborar e apresentar as suas teses de licenciatura.
O presidente do Núcleo de Estudantes da UEM, Jerónimo Mariano, disse que a greve resulta da alegada falta de vontade de cooperar por parte da direcção da UEM, com quem os estudantes tiveram vários encontros.
Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz da UEM, Raimundo Chambe, considerou "ilegal" a greve dos estudantes, alegando que a legislação moçambicana interdita manifestações do género por parte dos estudantes.
"É uma greve ilegal, pois em Moçambique o direito à greve circunscreve-se apenas aos trabalhadores. Aos estudantes reserva-se o direito a manifestações, que não incluem a paralisação do normal funcionamento das actividades da instituição", disse Raimundo Chambe.
"O que eles reivindicam não tem consistência em termos de legitimidade", considerou o porta-voz da UEM.
Chambe acusou alguns estudantes de estarem a incitar à greve, "por saberem que a sua situação estudantil é incontornável".
"São estudantes que estão a fazer o curso há mais de oito anos, mas o curso tem a duração de cinco anos", disse ainda Chambe, que é igualmente assessor jurídico da UEM.
Chambe explicou que dos 1.940 estudantes bolseiros apenas 200 é que deverão abandonar os lares estudantis, por não reunirem os requisitos exigidos no regulamento.
O regulamento das bolsas de estudo exige que o estudante bolseiro transite, anualmente, todas as cadeiras do curso.
Anteriormente, Chambe referiu à imprensa que, para a sua instituição, "a pretensa manifestação da greve visa acomodar os estudantes preguiçosos e não aqueles que se esforçam e obtêm bons resultados".
"Senão - sublinhou - não teríamos até estudantes trabalhadores que até fazem um esforço e ainda conseguem melhores resultados que os de alguns cuja missão única é estudar".
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 18.10.2005