As sucessivas crises na terra, deixam antever o futuro. Os ditos democratas ainda não estão preparados para o jogo democrático. Fala-se da democracia e de maturidade democrática dos políticos santomenses – seria mais fácil falar-se da sua cobardia.
A meu ver, as últimas intervenções, discursos e/ou acusações sobre a situação no pais, não passam de meros alicerces tendentes a limar as arestas de uma democracia em decadência, embora últimamente a moda seja chamar a este conjunto a “troca de mimos”, de crise. Sim, prefiro chamar a este teatro de “troca de mimos” porque antes do raiar do sol, estarão aos beijos e abraços – entre copos e taças.
Não tendo compromisso partidário com qualquer partido político, gostaria que os “democratas de carreira” não se esquecessem, que em qualquer jogo democrático, qualquer intervenção (construtiva ou não) deveria ser no mínimo, considerada como um mero alerta pois o nível de maturidade democrática de cada um é determinado pela forma temperamental de reagir perante uma determinada situação ou momento.
É com alguma tristeza que presencio os “democratas de carreira”, entrarem em crise (de mimos) quando são criticados ou quando conseguem retratar-se nas críticas de terceiros. Neste caso concreto, a parte que se sentiu lesada, apenas passou a noite “em claro” mas não às escuras! Passou-a frente ao espelho por ingenuidade e falta de descernimento, já que pela noite a dentro foi incapaz de encontrar as lacunas deixadas ao longo dos vários anos de “carreira” dos militantes do partido no poder, para no dia seguinte vir ao público tentar escamotear a situação. Bem diz o ditado: AS CÁ ZUGA PÔVÔ CU BÚDU FLÁ BÁLU!
Uma vez mais, recorrem a velhas artimanhas para desviar a atenção do povo da questão que faz a actualidade: o Referendo. Temem o Referendo e querem fugir dele como o diabo da cruz, porque sabem que essa auscultação popular poderá determinar o rumo do país e consequentemente o seu desenvolvimento – as legislativas e talvez as municipais estão à porta, e temem que se lhes tire a “chupeta da boca” (como diria uma certa individualidade no limite da esperança). Assim sendo, acabar-se-ão também os cargos vitalícios como por ex. o caso dos Presidentes das diversas Camaras Distritais (supostamente vitalícias)!
O alto grau de amnésia levou os governantes santomenses a se esquecerem que o POVO não assiste à TV(S) e nem tem tempo para pensar em tal mordomia. O seu precioso tempo é passado a sonhar com o dia em que terão a tão ansiada energia para viver decentemente. Mormente o país estar independente há dezenas de anos, este tempo não foi suficiente para que o problema tivesse sido superado, e todos os acordos supostamente assinados não produziram resultados frutíferos!
Infelizmente, mesmo passando uma, duas ou três noites em frente ao espelho, o homem não conseguiu dar conta que o que mais interessa ver, sem precisar de qualquer lupa, é que o povo ainda morre à fome em S.Tomé e Príncipe; que o número de crianças de rua aumenta a um rítmo galopante e assustador; que a distracção em que fingem viver possibilita a tudo e todos tirar proveito da situação e o desgoverno é mais que evidente; que tudo anda mal e a olhos vistos; que nas ruas de S.Tomé assiste-se a um proliferar de bancas onde se vende comida quase no meio das ruas e que ninguém reage para não perder os votos nas próximas eleições; que a Polícia de Ordem Pública é inoperante e corrupta – basta-lhes as gorjetas dos “amarelinhos” para se esquecerem das suas obrigações; que a “feira-ponto” marca pontos tendentes a criar e manter um ambiente propício para que a cólera nunca seja erradicada em S.Tomé e Príncipe por ser um autêntico foco de todas as doenças infecciosas; que o desmantelamento dessa feira é tabú para todos os governos (seja um governo de esperança, seja ele de desespero) – sai governo, entra governo mas todos a contarem os “louros”!
A famigerada feira continua intocável pois dizem que no interior existe um hospital equipado com material diverso incluindo uma marquesa para servir o “povo do paralelo”; vem o surto da cólera e o governo faz ouvidos-de-mercador; que o país está a ser arrebatado ao preço de uma bagatela; que os velhos, as mulheres e crianças santomenses estão cansados de esperar por um serviço de saúde direccionado a seres humanos; que a cólera “regressou” ao país como um passageiro clandestino e, sobretudo porque a água que (o POVO) consome, segundo o Ministério da Saúde não é potável porque oficialmente sabe-se que a água que abastece à população de uma determinada zona está infectada porque essa mesma população defeca no rio Manuel Jorge de onde provém a água que consomem e justificam assim o tal “regresso”. Esqueceram-se entretanto de dizer que sem água não há vida daí o uso de água imprópria para consumo!
Francamente que estava a espera de ouvir dizer que o vírus encontrou ambiente propício e por isso voltou a atacar mas não, nem isso os espelhos dos dirigentes deixa transparecer – quem sabe são espelhos com carruncho, não por falta de água potável para removê-lo mas, por causa da persistente insanidade nas mentes dos “dirigentes” que temos.
Bem Haja!
Alda Barros