O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, disse hoje em Maputo que o "governo vai trabalhar para acabar com exércitos paralelos", aludindo aos guerrilheiros que a RENAMO ainda mantém nas suas antigas bases.
Guebuza fez essa afirmação, quando falava aos jornalistas, após uma cerimónia na Praça dos Heróis, por ocasião do 13º aniversário do Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil em Moçambique.
Por outro lado, o chefe de Estado moçambicano afirmou que "alguns graves incidentes que aconteceram ao longo dos 13 anos de paz no país devem servir de experiência, para um maior empenhamento de todos na manutenção da paz".
Armando Guebuza referia-se aos acontecimentos no Município da Mocímboa da Praia em Setembro último, em que oito pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas em confrontos entre a polícia e simpatizantes da RENAMO, o principal partido da oposição.
A chamada de atenção do presidente moçambicano prendeu-se também com a morte, em 1999, de mais de 100 pessoas por asfixia numa cadeia do Município de Montepuez, detidas na sequência de violentas manifestações organizadas pela RENAMO.
Armando Guebuza exortou igualmente a todos os moçambicanos a reflectirem sobre formas de manutenção da paz, "desenvolvendo a cultura da concórdia".
As celebrações oficiais do aniversário da paz que hoje se assinala em todo o país voltaram a ser marcadas pela ausência do presidente da RENAMO e líder da guerrilha que ao longo de 16 anos combateu as forças governamentais da FRELIMO.
Afonso Dhlakama tem alegado a partidarização das cerimónias, para não participar nos eventos.
Apesar dos acordos assinados a 04 de Outubro de 1992 na capital italiana, Roma, entre Dhlakama e o antigo presidente moçambicano Joaquim Chissano, terem sido globalmente respeitados, a RENAMO tem recusado desarmar cerca de uma centena de seus antigos guerrilheiros, que se encontram na antiga principal base do movimento, no centro do país.
Dhlakama sustenta que precisa de manter um corpo de guarda-costas da sua confiança, devido à alegada partidarização da polícia moçambicana.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 04.10.2005