O presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, manifestou-se hoje "disposto a entregar à polícia moçambicana" os seus antigos guerrilheiros, que continuam armados no centro do país, "mas nos termos do acordo geral de paz assinado em 1992".
Dhlakama falava aos jornalistas, após um encontro com o ministro do Interior de Moçambique, José Pacheco, com quem discutiu formas de resolver a questão dos antigos guerrilheiros que a RENAMO mantém nas suas antigas bases centrais, 13 anos após a assinatura do acordo que pôs fim a 16 anos de guerra civil em Moçambique.
O líder da oposição moçambicana afirmou que o seu partido quer entregar os referidos homens armadas ao governo, mas com "garantias" de que será cumprido o estipulado no acordo de paz sobre a segurança da liderança da RENAMO.
Com fundamento nas cláusulas do Acordo Geral de Paz assinado com o governo da FRELIMO em Roma, Afonso Dhlakama exige que os seus antigos guerrilheiros sejam treinados e inseridos na polícia moçambicana, para depois assegurarem a protecção dos responsáveis do principal partido da oposição.
"Ficou acordado no Acordo Geral de Paz que alguns antigos guerrilheiros da RENAMO deviam ser integrados na polícia, com o estatuto de força de protecção dos dirigentes do partido, mas o governo ainda não se prontificou a fazê-lo", sublinhou Afonso Dhlakama.
O presidente da RENAMO reiterou a recusa a que sejam elementos da polícia moçambicana não afectos ao partido a tomar conta da segurança da RENAMO, alegando que aqueles agentes têm-se envolvido em "assassinatos e perseguições a membros da oposição".
Falando também à imprensa na mesma ocasião, o ministro do Interior afirmou que a sua instituição aguarda uma lista dos homens e armas da RENAMO a entregar ao Estado, "de modo a que os antigos guerrilheiros deste movimento sejam habilitados para funções policiais".
José Pacheco sublinhou que deu "instruções" aos serviços dos recursos humanos do Ministério do Interior, para a incorporação dos antigos guerrilheiros da RENAMO, logo que este partido os coloque à disposição do Estado.
Num outro desenvolvimento, o presidente da RENAMO referiu que o seu partido voltou atrás na decisão de erguer uma estátua do seu fundador, André Matade Matsangaíssa, para não ser acusado de agir à margem da lei.
"O administrador de Gorongoza (antiga base central da guerrilha da RENAMO) recebeu ordens superiores, para indeferir o nosso pedido de construir uma estátua em homenagem ao primeiro presidente e fundador da RENAMO", afirmou Dhlakama, que acrescentou aceitar a decisão.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 12.10.2005