O presidente do Movimento Nacionalista Moçambicano (Monamo), Máximo Dias, anunciou hoje que a sua formação política vai abandonar, em 2009, a coligação Renamo-União Eleitoral, que congrega dez pequenos partidos da oposição do país com assento no Parlamento.
A decisão, tomada no terceiro congresso do Monamo, realizado este fim-de-semana na cidade da Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique, prende-se com a queda da sua influência junto do eleitorado, depois de entrar para a Renamo-União Eleitoral. Segundo Máximo Dias, o partido perdeu desde então 12 mil dos 20 mil militantes que tinha. Nas primeiras eleições gerais e multipartidárias de Moçambique, o Monamo foi uma das forças políticas mais votadas, depois da Frelimo, no poder desde a independência, em 1975, e da Renamo, principal partido da oposição moçambicana. «Vamos trabalhar sozinhos», por isso «temos de sair», disse Máximo Dias.
A integração da Monamo no grupo dos nove pequenos partidos coligados à Renamo contribuiu para que o movimento conseguisse alguns assentos no Parlamento. A coligação com a Renamo deveu-se à dificuldade dos pequenos partidos de ultrapassarem a fasquia dos cinco por cento, para se fazer representar no Parlamento.
Entretanto, Máximo Dias tem denunciado a falta de «democracia» no seio da coligação Renamo-União Eleitoral, liderada por Afonso Dhlakama, igualmente acusado de má gestão do partido. «Há falta de diálogo» na Renamo, por isso «não vemos expectativa de a coligação ganhar as eleições se não mudar de estratégia», disse o presidente do Monamo, que também admitiu abandonar a liderança do partido em 2009. A propósito, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse que Máximo Dias «é livre de abandonar a coligação».
Máximo Dias é um dos moçambicanos que, após a proclamação da independência, a 25 de Junho de 1975, denunciaram a perseguição por parte da Frelimo, tendo-se exilado em Portugal, de onde regressou para concorrer à Presidência da República nas primeiras eleições gerais, em 1994.
EXPRESSO AFRICA - 10.10.2005