A construção da ponte entre Moçambique e Tanzânia vai começar a 16 de Outubro, apesar dos receios dos ambientalistas de que a infra-estrutura possa prejudicar uma reserva natural que se encontra na margem moçambicana do rio Rovuma.
A ponte entre os dois países, baptizada com o nome de ponte da Unidade, foi projectada pelos falecidos Presidentes moçambicano, Samora Machel, e tanzaniano, Julius Nyerere, após a independência de Moçambique em 1975, mas nunca chegou a ser concretizada, devido à prolongada guerra civil que se seguiu em Moçambique.
O ministro das Obras Públicas e Habitação moçambicano, Felício Zacarias, disse hoje em Maputo que a construção da ponte vai começar a 16 de Outubro e prolongar-se cerca de dois anos e meio.
Zacarias afirmou que os trabalhos serão realizados por um empreiteiro chinês apurado em concurso lançado logo após a assinatura do respectivo acordo de financiamento pelo antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, e da Tanzânia, Benjami Mkapa, em Janeiro deste ano.
A obra está orçada em 24 milhões de dólares e inclui também a construção de uma auto-estrada, devendo os Governos dos dois países custear o empreendimento, uma vez que os parceiros internacionais não se mostraram interessados em financiar a obra.
O anúncio do começo das obras não foi bem recebido por organizações de defesa ambiental, que sustentam que o aumento do tráfego entre os dois países, com a construção da ponte, irá pôr em risco a sobrevivência das espécies animais e vegetais existentes na Reversa do Niassa.
"A ponte vai atrair um fluxo muito maior de pessoas para a área, provocando todo um conjunto de mudanças que podem ter um impacto muito negativo nos recursos que ali existem, pois haverá uma pressão muito maior sobre os recursos disponíveis", reagiu o director da Reserva Nacional do Niassa, Baldeu Chande.
Por seu turno, Albino Nandja, fiscal comunitário da Organização Mundial da Natureza, considerou a ponte da Unidade, como "mais um projecto político, pois não se vêem vantagens significativas do lado moçambicano".
Comentando estas declarações, o ministro das Obras Públicas e Habitação moçambicano disse que "é necessário colocar as infra-estruturas para provocar o desenvolvimento".
Felício Zacarias afirmou que os dois Governos vão tomar medidas para evitar que os ecossistemas dos locais em que será erguida a ponte sejam danificados, "como forma de se maximizar o potencial turístico da região".
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 07.10.2005