O líder da RENAMO, principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, considerou hoje "necessária" a manutenção de militantes armados e anunciou a construção de uma estátua em memória do fundador da organização, André Matsangaíssa.
Segundo Afonso Dhlakama, é "necessário" manter armados os guardas da RENAMO estacionados na antiga base militar de Maringué, província de Sofala, centro de Moçambique.
"Merecemos estes guardas, pois se um dia estes homens forem desarmados deixarei de fazer campanha e de andar" pelo país, disse Afonso Dhlakama, que falava aos jornalistas a propósito do 13°aniversário do Acordo Geral de Paz, que se assinala terça-feira, dia 4.
Moçambique comemora terça-feira 13 anos do fim da guerra civil (1977-1992) entre FRELIMO e a RENAMO, antigo movimento rebelde do país e hoje principal partido da oposição moçambicana, que mantém mais de uma centena de homens armados na sua antiga base militar.
No âmbito dos acordo paz, assinado na capital italiana, Roma, a RENAMO deveria manter 130 homens armados como guardas presidenciais de Afonso Dhlakama, actualmente a residir em Maputo, até a realização das primeiras eleições no país, em 1994.
Posteriormente, o Governo moçambicano deveria integrá-los nas fileiras da Polícia da República de Moçambique (PRM).
No entanto, o líder da RENAMO defende a sua manutenção, afirmando tratar-se de uma guarda presidencial "necessária", o que, disse, está preceituado nos acordos gerais de paz, que puseram termo a 16 anos da guerra civil em Moçambique.
Durante o período eleitoral "faço campanha à vontade por causa destes homens armados", prosseguiu o líder da RENAMO.
Por seu turno, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, defendeu o desarmamento da guarda presidencial do líder da oposição, afirmando ser imperioso que se respeite a lei.
"A forma que nós encontrámos para garantir a protecção da vida, da saúde é o respeito pela lei" por isso, "temos de respeitar a lei", disse Guebuza.
Reagindo, o líder da RENAMO afirmou que "no dia que um dos homens armados da RENAMO cometer crime, deverá ser levado a tribunal".
Afonso Dhlakama anunciou também aos jornalistas que a RENAMO vai construir uma estátua em memória do fundador do partido, André Matsangaíssa, morto em 1977 durante a guerra civil e cujo aniversário natalício se celebra a 17 de Outubro.
O líder da RENAMO disse que a estátua será erguida a 16 de Outubro, um dia antes da celebração do aniversário natalício de Matsangaíssa.
"Vamos erguer a estátua em reconhecimento da sua acção na luta pela democracia em Moçambique", justificou Afonso Dhlakama aos jornalistas.
O principal partido da oposição moçambicana agendou para o dia do aniversário natalício de André Matsangaíssa a realização de diversas actividades em Maringué.
Para a efeméride foram convidadas 800 pessoas, incluindo representantes do corpo diplomático em Moçambique.
O gabinete das Finanças do líder da oposição apelou recentemente para angariação de fundos para a realização das cerimónias.
A RENAMO tem admitido que luta com falta de fundos, agravada pela perda de assentos no Parlamento, onde detém 90 dos 250 lugares existentes.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 03.10.2005
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