O Conselho Cristão de Moçambique (CCM) anunciou hoje o arranque da segunda fase do programa de Troca de Armas por Enxadas (TAE), depois de na primeira etapa terem sido recolhidas cerca de 600 mil armas das mãos de civis.
Apesar de ter sido implementado um programa de desarmamento fiscalizado pela ONU, envolvendo tropas governamentais da FRELIMO e à antiga guerrilha da RENAMO, hoje na oposição, após a assinatura do acordo de paz em 1992, muitos esconderijos de material bélico ficaram por desactivar, permitindo a proliferação de armas de fogo entre civis.
A situação levou o Conselho Cristão de Moçambique, que integra várias organizações religiosas, a conceber em 1996 uma iniciativa designada TAE, em que uma criança que entrega material de guerra recebe material didáctico, se for uma mulher tem em troca uma máquina de costura e no caso dos homens tem como contrapartida instrumentos agrícolas.
Depois de ter conseguido a recolha de 600 mil armas de fogo em alguns pontos do país, o TAE anunciou hoje o alargamento da ideia a mais províncias moçambicanas, avaliando o custo dessa operação em um milhão de dólares, para um ano.
O presidente do CCM, reverendo Arão Matsolo, afirmou que a recorrente utilização por civis de armas de fogo, em assaltos à mão armada e em cenas de violência doméstica, são alguns indícios de que ainda há muitos instrumentos de guerra em mãos impróprias.
Matsolo repudiou também a venda de brinquedos de guerra em muitos estabelecimentos comerciais do país, "pois incitam as crianças à violência".
Apesar das limitações apontadas, o TAE é uma referência internacional, tendo o CCM sido convidado há dois anos pelo Vaticano a expor objectos de arte fabricados por membros das duas antigas forças beligerantes a partir de armas destruídas.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 10.10.2005