A criação do maior parque natural do mundo pela África do Sul, Moçambique e Zimbabué entrou esta semana na sua etapa decisiva, com a conclusão das obras do posto transfronteiriço para turistas entre os três países.
O tratado que cria o Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo (PTGL), com 44 mil quilómetros quadrados, foi formalizado pelos três países há três anos, mas já permitiu a transferência de dois mil animais, a abertura de uma estrada com 160 quilómetros em Moçambique e de um posto transfronteiriço, uma situação impensável ao nível da circulação de pessoas na África Austral.
No âmbito do acordo tripartido sobre o PTGL, a África do Sul já abriu 15 quilómetros quadrados do Parque Kruger, de modo a que os seus animais passem para Moçambique e sejam introduzidos num santuário com 10 mil hectares, o equivalente à dimensão da vizinha Suazilândia. Com a medida, os três países querem permitir a reprodução dos animais selvagens em Moçambique, drasticamente reduzidos durante 16 anos de guerra civil no país e assim concretizarem o sonho de terem em comum o maior parque natural do mundo.
«Com o parque transfronteiriço, os leões da África do Sul são moçambicanos, quando passam para Moçambique, e são sul-africanos quando fazem o movimento inverso e é aí onde está a dinâmica da integração dos parques naturais», afirmou Bartolomeu Soto, chefe da Unidade das Áreas de Conservação Transfronteiriça do Ministério do Turismo de Moçambique. Soto reconheceu que a celeridade com que os três países estão a avançar na integração dos seus parques naturais não pode ter a mesma réplica ao nível da livre circulação de pessoas e bens na África Austral.
«O sonho de Moçambique, África do Sul e o Zimbabué terem juntos o maior parque natural do mundo está a avançar mais rapidamente que a integração social e económica, porque aqui um moçambicano na África do Sul é um estrangeiro ou mesmo emigrante ilegal, apesar dos laços históricos e geográficos entre os dois países».
Para que o projecto de um parque comum siga a sua marcha, Moçambique recebeu na segunda-feira do respectivo empreiteiro o posto transfronteiriço através do qual se espera a passagem de cerca de um milhão de turistas que visitam anualmente o Parque Kruger Park.
A secretária-permanente do Ministério do Turismo, Victória Diogo, que visitou o empreendimento, disse na ocasião que a abertura do posto transfronteiriço permite aos turistas um acesso comum às atracções turísticas que passarão a ser oferecidas pelo PNGL.
No âmbito do tratado que cria o referido parque internacional, Moçambique vai transferir no próximo ano cerca de quatro mil famílias residentes na periferia do parque, para permitir a libertação dos animais do santuário, afirmou o chefe da unidade das áreas de conservação no Ministério moçambicano do Turismo.
EXPRESSO ÁFRICA - 27.10.2005