O governo moçambicano afirmou esta semana que a necessidade de alguns estrangeiros serem interrogados pela Justiça em ligação com o assassínio, em 2001, do presidente do Banco Austral está a atrasar o esclarecimento do crime.
Siba Siba Macuácuá morreu em Setembro de 2001, ao ser atirado do 14º andar do seu gabinete de trabalho em Maputo por desconhecidos, quando se preparava para incriminar na Justiça os devedores que conduziram o Banco Austral quase à falência.
Na altura, Macuácuá divulgou listas com os nomes dos principais devedores do banco, incluindo importantes figuras ligadas ao partido no poder, a FRELIMO, prevendo-se que as entregasse ao grupo financeiro sul-africano ABSA, que dois dias depois do homicídio comprou o banco moçambicano.
O governo entregou o Banco Austral ao ABSA, retirando-o de um consórcio controlado por accionistas da Malásia e importantes figuras do cenário político e económico moçambicano, que geriu o banco ao longo do período em que quase chegou à bancarrota.
Respondendo a perguntas dos deputados da RENAMO, bancada da oposição, sobre o assassínio do banqueiro, a ministra da Justiça de Moçambique, afirmou quinta-feira que "há indícios de envolvimento no caso de pessoas que não estão em Moçambique e que têm de ser ouvidas".
A participação de estrangeiros na morte de Siba Siba Macuácuá já havia sido admitida pelo ministro do Interior de Moçambique, José Pacheco, também ao ser interpelado esta semana no parlamento moçambicano pela oposição sobre as investigações do mesmo homicídio.
"O caso Siba Siba é um dos processos mais complexos, porque envolve conexões exteriores", sublinhou Pacheco.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 04.11.2005