KHOMALA!
Por Vasco Fenita
(Prevista para até Dezembro a alienação das empresas agrícolas remanescentes)
É um desmoronar inexorável.
Prognosticado há alguns lustros. Cuja consumação se foi protelando. Primeiro, mercê de paliativos (aparentemente) insuspeitos. Depois, já através de generosas doses de “oxigénio”. Insufladas por instituições de crédito extra e intramuros.
Nesta vertente, o BIM . Além do próprio Tesouro do Estado. Mas, agora o desbandorramento do secular conglomerado agro-industrial e comercial assume contornos de irreversibilidade superlativa. Particularmente pungente para o universo de mais de vinte e mil trabalhadores que se vêm, assim, confrontados com o espectro do desemprego.
Afinal, quais os factores que terão, efectivamente, concorrido para a desagregação em curso? Os diagnósticos divergem quase que diametralmente.
Porque o Grupo JFS teve “a arte e o engenho” de sobreviver ante os efeitos devastadores da guerra fratricida de dezasseis anos, mas soçobrou inapelavelmente em face do advento do FMI.
Entretanto, há quem erga o dedo em riste, imputando à actual filosofia do governo a catastrófica situação em que se encontra mergulhado o vasto império JFS. Mas será, de facto, legítimo que seja o governo a arcar com todas as “culpas do cartório”? Eis a questão, que ficou por aclarar convenientemente, esboroada que foi (pela enésima vez) a nossa tentativa de abordar o responsável máximo do Grupo JFS ao nível da província, Virgílio Francisco. E o inadiável recurso a fontes alternativas próximas e fidedignas facultar-nos-ia, contudo, a listagem das empresas alienadas até à data. Ei-las, pois: Sociedade Algodoeira do Namialo (SODAN), Companhias Agrícolas de Mecuco e de Meserepane (ambas no distrito de Monapo), Companhia Agrícola de Geba (distrito de Memba), Companhia Agrícola de Muchelia (distrito de Lumbo), Sociedade Algodoeira do Niassa,SAN, ( no distrito de Cuamba, província do Niassa) e Chá de Mugoma (distrito de Guruè, província da Zambézia). A mesma fonte, além de nos revelar a previsão, até Dezembro próximo, da conclusão do trespasse das empresas agrícolas remanescentes, informou-nos que se encontram encerradas há cerca de três anos as sucursais comerciais de Quelimane, Angoche e Nametil, a empresa Citrinos de Chimoio, e, há mais tempo, a Fábrica de descasque de arroz de Nampula.
Das dez empresas que o Grupo JFS detinha, apenas ainda se mantêm em actividade: as sucursais de Nacala, Pemba e Cuamba da Companhia Comercial e a Técnica Industrial (sector automóvel), além de continuar ligado ao fomento de tabaco.
Erigida em 1897 na Ilha de Moçambique, portanto, há mais de um século, JFS assenhoreou-se progressivamente da hegemonia empresarial privada do norte de Moçambique, implantando nos mais recônditos espaços da região empreendimentos de diversa índole. Curiosamente, o seu grande impulso para a notoriedade resultou do êxito obtido na actividade pecuária, circunscrita embrionariamente à criação e venda de suínos.
Não obstante a adversidade que se abateu sobre o gigantesco Grupo, uma réstia de esperança em melhores dias ainda subsiste em muitos dos trabalhadores interpelados pela nossa reportagem. Pois que declararam-se convictos de uma decisão favorável do Conselho de Ministros, onde o complexo “dossier” deverá estar a ser equacionado. “Entendemos que, em face do impacto sócio-económico de que se reveste a nossa periclitante situação, cremos que o Estado não deixará de nos conceder o devido apoio.”
WAMPHULA FAX – 11.11.2005